Diante da insustentável prática dos serviços prestados em anestesiologia à população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS), a Coopanest/RN (Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Rio Grande do Norte) ameaça suspender os serviços em todo o Estado. O motivo para a suspensão é o atraso no pagamento dos salários, que estão em débito desde setembro do ano passado por parte das gestões municipal e estadual.
Através de ofício enviado no início de fevereiro às autoridades e diversas entidades do Estado, o diretor financeiro da Cooperativa, Joélio de Oliveira, informou que, se os problemas recorrentes persistirem, “não restará alternativa que não seja a rescisão contratual”. Na descrição do ofício, a entidade informou que realiza mais de três mil procedimentos com assistência anestésica por mês, em dezenas de instituições de Saúde que atendem a população de todo o Estado.
“São crianças com patologias complexas, idosos com comorbidades diversas, transplantes de órgãos, tratamento de câncer, assistência a gestante e a saúde da mulher, atendimentos de urgência e emergência, enfim, uma infinidade de serviços de excelência prestados a população 24h por dia, inclusive aos sábados, domingos e feriados”, apontou.
Lamentando a constatação do descaso pelas autoridades e órgãos competentes à saúde pública, Joélio afirma que os atrasos recorrentes de pagamentos estabelecidos em contrato vêm se tornando uma prática que fere a dignidade dos profissionais anestesiologistas, inviabilizando uma relação saudável e de confiança entre a categoria de médicos e gestores.
“Temos contratos firmados com as secretarias Municipal e Estadual de Saúde, ambos com pagamentos atrasados desde setembro de 2012. Portanto, solicitamos providências para a quitação dos valores pendentes. Do contrário, permanecendo essa situação calamitosa e vergonhosa, não restará alternativa que não seja a rescisão contratual”, disse Joelio de Oliveira.
Passado quase um mês de envio do ofício, o presidente da Coopanest, Frederick Marcks Abreu de Goes, disse que esteve reunido com o secretário Municipal de Saúde, Cripriano Maia, que por sua vez garantiu a busca incessante de recursos para pagar os salários atrasados.
“O repasse dos profissionais terceirizados é garantido por três fontes: ordem municipal, estadual e federal. A Prefeitura nos repassou uma pequena quantia advinda do Governo Federal e do Município de Natal, para garantir os meses de outubro e novembro, mas o dinheiro não foi suficiente nem para pagar um mês de trabalho desses profissionais”, disse Frederick. A Cooperativa dispõe de 180 anestesiologistas, dos quais aproximadamente 70% trabalham para o SUS.
“O secretário nos pediu um pouco de paciência, uma vez que estamos no início de uma nova gestão. Mas a situação é difícil. Reconhecemos que eles estão tentando pagar os atrasados, porém alguma providência tem que ser tomada. Vamos aguardar a abertura do Orçamento Geral do Estado para ver o que será feito”, afirmou o presidente da Cooperativa. A reportagem tentou contato os secretários das pastas de Saúde, mas ambos estavam com os celulares desligados.
Reprodução Cidade News Itaú
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