O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araujo (PE), afirmou nesta quarta-feira (16) que a sua bancada mantém apoio à candidatura do líder do PMDB Henrique Eduardo Alves (RN) à presidência da Casa mesmo após as suspeitas de irregularidades nos repasses de verba parlamentar do peemedebista.
O tucano disse que foi procurado por Henrique Alves na segunda-feira (14) para tratar das acusações. Araújo afirmou que o colega ainda precisa prestar esclarecimentos, mas que "não há nada que leve mudança de rumo dentro do PSDB".
Segundo Araujo, o apoio do PSDB na disputa pelo comando da Casa é ao nome apresentado pelo PMDB, em respeito ao tamanho das bancadas.
Alves é o favorito na eleição à presidência da Câmara, em fevereiro, com apoio da base do governo Dilma Rousseff e de partidos da oposição.
"Qualquer eventual problema que ocorra com a candidatura de Henrique tem que ser discutida dentro do PMDB já que a nossa posição não está personificada em Henrique, mas no entendimento do partido de votar no candidato oficial do PMDB", disse Araujo.
E completou: "é o respeito a proporcionalidade das bancadas. Henrique Eduardo Alves é o indicado do PMDB", afirmou.
A Folha revelou que Aluizio Dutra de Almeida, o assessor do peemedebista, é sócio de uma empresa que recebeu, por meio das emendas parlamentares, verbas indicadas pelo próprio Henrique Alves. O deputado nega que existam irregularidades.
Os recursos saíram dos cofres do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), ligado ao Ministério da Integração Nacional e sob a influência de Henrique Alves desde a gestão Lula.
As emendas são as cotas que cada deputado federal e senador tem direito no Orçamento da União. O assessor deixou o cargo após a divulgação da reportagem.
CONVÊNIOS
A empresa que obteve esses recursos --tanto os liberados pelo Dnocs como os com origem nas emendas parlamentares-- é a Bonacci Engenharia e Comércio Ltda.
Ela tem como um dos sócios Aluizio Dutra de Almeida, assessor do gabinete do líder do PMDB na Câmara e tesoureiro do diretório regional do partido, presidido pelo próprio Henrique Alves.
A influência do deputado no órgão federal existe ao menos desde 2007, quando ele indicou com sucesso Elias Fernandes, hoje secretário-geral do PMDB potiguar, para ser diretor-geral do Dnocs.
De lá para cá, o órgão fez convênios com as cidades de Alto do Rodrigues, São João do Sabugi e Coronel Ezequiel (todas do RN), na área de combate a desastres.
Em junho de 2010, a prefeitura do primeiro município fechou a contratação da empresa do assessor de Henrique Alves por R$ 630 mil para cuidar do convênio com o Dnocs, no mesmo valor, para a construção de 40 casas.
No mesmo ano, a Prefeitura de São João do Sabugi usou os recursos do órgão para pagar R$ 420 mil à Bonacci para construir barragens.
A empresa prestou o mesmo tipo de serviço para a Prefeitura de Coronel Ezequiel por R$ 142 mil, dinheiro que também saiu de um convênio com o Dnocs assinado por Elias Fernandes.
Além do assessor do deputado, a empreiteira tem como sócio Fernando Leitão de Moraes Júnior, irmão de Hermano Moraes, vice-presidente do PMDB no RN e que disputou (e perdeu) a eleição para prefeito de Natal em 2012.
Na ocasião dos convênios, os prefeitos das três cidades eram do PMDB, mesmo partido de Henrique Alves.
Em janeiro do ano passado, Elias Fernandes teve de deixar a direção-geral da autarquia em meio à acusação de irregularidades no cargo.
Um relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) apontou desvio de R$ 192 milhões em obras tocadas pelo órgão. No lugar dele, Henrique Alves emplacou Emerson Fernandes Daniel Júnior.
Fonte: Folha de São Paulo/Cidade News Itaú
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