As autoridades anunciaram nesta quinta-feira que o tufão que devastou o sul das Filipinas e pode ser um dos mais mortíferos dos últimos anos no arquipélago causou a morte de cerca de 500 pessoas e o desaparecimento de 400, enquanto 250 mil estão desalojadas.
As equipes de socorro recuperaram pelo menos 477 corpos nesta quinta-feira: 258 na costa leste e 191 perto das cidades de Nova Bataan e Monkayo , uma região de pequenas minas de ouro clandestinas nas montanhas, expostas a deslizamentos de terra, indicou o general responsável por dirigir os resgates, Ariel Bernardo.
O Escritório da Defesa Civil em Manila afirmou que mais 19 pessoas morreram em Mindanao e nove em outras ilhas.
Erinea Cantilla e sua família andaram descalços por dois dias, em água lamacenta e destroços, em busca de comida e abrigo após a destruição de sua casa e da plantação de banana e cacau, não muito longe de Nova Bataan.
"Tudo o que tínhamos se perdeu. As únicas pessoas que ficaram para trás, estão mortas", testemunhou à AFP, com o marido, três filhos e uma neta.
A prioridade do governo nesta quinta é encontrar 380 pessoas desaparecidas e construir abrigos temporários para 250 mil desabrigados, indicaram as autoridades.
"Não haverá limite de tempo. Vai levar o tempo que precisar", declarou o chefe da Defesa Civil, Benito Ramos, quando questionado quanto tempo duraria as buscas..
As autoridades revisam com frequência o número de vítimas do tufão, à medida que as equipes de emergência conseguem acessar as regiões isoladas no sul do arquipélago.
O Bopha tocou a terra na parte leste da ilha de Mindanao na terça-feira, com rajadas de ventos de até 210 km/h e chuvas torrenciais.
Em New Bataan o exército seguia trabalhando com a ajuda de helicópteros e equipamentos pesados para socorrer as vítimas e retirar as árvores, a terra e as pedras arrastadas pelas tempestades.
"Nestas zonas precisamos urgentemente de sacos para cadáveres, medicamentos, roupas secas e, sobretudo, barracas, porque os sobreviventes estão no exterior desde que o tufão destruiu casas e derrubou tetos", disse à AFP a ministra de Assuntos Sociais, Corazón Soliman.
"Os corpos de New Bataan estão como ficaram, no chão, ao relento, e não queremos arriscar o surgimento de doenças", disse.
Corpos cobertos de lama foram levados em caminhões militares e depois alinhados dentro de barracas para que os sobreviventes pudessem reconhecê-los.
Os sobreviventes cavavam entre os escombros para tentar recuperar alguma coisa em meio à paisagem desoladora.
"Há famílias inteiras que morreram", disse o ministro do Interior, Manuel Mar Roxas, que foi ao local dos fatos acompanhado da ministra Corazón Soliman.
A estrada estreita que permite o acesso a New Baatan ficou bloqueada pela queda de árvores e rochas, afirmou o general Ariel Bernardo, comandante da 10ª divisão de infantaria com base em Mindanao.
"Esperamos poder mobilizar nossos helicópteros para executar missões de reconhecimento, busca e salvamento", explicou.
Muitos moradores de Mindanao, em sua maioria muçulmanos, permaneciam isolados em suas casas nesta quarta-feira, sem energia elétrica.
"Três vilarejos costeiros permanecem isolados", disse Corazón Malanyaon, governadora de Davao Oriental. "As estradas que seguem para as localidades estão bloqueadas por árvores e escombros. Uma ponte desabou", explicou.
A governadora afirmou que 95% dos edifícios do centro da localidade de Cateel, onde morreram pelo menos 16 pessoas, ficaram sem teto, incluindo hospitais.
A cada ano, quase 20 tempestades ou tufões importantes afetam as Filipinas, em sua maioria durante a temporada de chuvas entre junho e outubro. Bopha é o 16º do ano.
Em agosto, as inundações provocadas por várias tempestades deixaram mais de 100 mortos e obrigaram mais de um milhão de pessoas a abandonar suas casas.
Em 2011, 29 tufões passaram pelas Filipinas e provocaram as mortes de 1.500 pessoas, sendo 1.200 apenas em Mindanao durante a tempestade Washi.
Fonte: Portal Uol/Cidade News Itaú
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