quarta-feira, dezembro 19, 2012

"Não tenho mais medo de me olhar no espelho", diz afegã que teve o nariz cortado pelo marido


A afegã Aesha Mohammadzai hoje em dia e em 2010, quando foi fotografada pela revista Time

Aesha Mohammadzai, a afegã que ficou mundialmente conhecida em 2010 após ter seu rosto desfigurado estampado na revista americana Time, superou os traumas e não tem mais medo de se olhar no espelho. É o que ela declarou à rede norte-americana CNN.

"Eu não me importo. Todo mundo tem um problema. No começo, eu ficava assustada. Tinha medo de olhar no espelho", afirmou. "Mas agora eu não tenho mais medo. Agora eu entendo o sentido da minha vida", continuou.

Mohammadzai foi mutilada pelo marido quatro anos atrás, após tentar fugir de casa, no Afeganistão, para evitar um casamento forçado. Ela teve o nariz cortado durante a tortura, e seu rosto foi parar na capa da Time, provocando uma comoção mundial. A foto dela foi vencedora no concurso Word Press Photo, um dos mais cobiçados do fotojornalismo.

Sobre a sua experiência, ela parece encarar com tranquilidade. "O que aconteceu é parte de mim, parte da minha vida, e estará o tempo todo na minha mente. Mas eu preciso viver e preciso amar."

Hoje, ela, que acredita ter 21 ou 22 anos, mora nos Estados Unidos e conta com o apoio de uma equipe médica especializada para reconfigurar a sua face – as cirurgias são realizadas em um hospital de Bethesda, em Maryland.

No estágio atual do tratamento, a testa de Mohammadzai está inchada, devido ao implante de uma bolsa de silicone preenchida com líquidos, com a finalidade de expandir sua pele e fornecer tecido extra para o novo nariz. Além disso, foi transplantada pele de seu antebraço para a parte do nariz, com o objetivo de cobrir o buraco causado pelas mutilações.

Ainda falta percorrer metade do caminho para que seu rosto fique pronto. O próximo passo é pegar a cartilagem das costelas dela, que será usada para fazer o novo nariz.

Das montanhas para Maryland
Quando Mohammadzai tinha 12 anos, seu pai a prometeu para um militante do Taleban, a fim de pagar uma dívida. A afegã foi para a nova família, que abusava dela e até a forçava a dormir com animais em um estábulo.

Ao tentar escapar, foi pega e seu nariz e orelhas foram cortados pelo marido, como punição. Abandonada nas montanhas, ela correu para a casa do avô.

Após ter acesso a uma unidade médica norte-americana, onde recebeu tratamento por dez semanas, ela foi transferida para Cabul, capital do Afeganistão, e depois pegou um voo para os Estados Unidos, para morar com uma família.

Até hoje Mohammadzai prefere ver filmes de Bollywood (a indústria de cinema indiana) a assistir a televisão americana. Ela foi para Maryland 16 meses após chegar aos EUA.

Fonte: Portal Uol/Cidade News Itaú

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