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terça-feira, outubro 16, 2012

Capitão acusado por naufrágio na Itália se desculpa com sobreviventes


O capitão do Costa Concordia, Francesco Schettino, deixa o tribunal onde ocorreu a primeira audiência de seu julgamento, nesta segunda-feira

O capitão acusado de ser o principal responsável pelo naufrágio do navio Costa Concordia no sul da Itália em janeiro, que deixou 32 mortos, cumprimentou os sobreviventes nesta segunda-feira e pediu desculpas a eles. O fato ocorreu em seu julgamento, num tribunal no sul do país.

Francesco Schettino, que comandou o navio no desastre, aparentou estar relaxado e conversou bastante com seus advogados, de acordo com um dos advogados representante das famílias dos sobreviventes.

O Costa Concordia naufragou em janeiro, depois de um cruzeiro pelo mar Mediterrâneo, na região da Toscana, na Itália. A embarcação transportava 4.229 passageiros, dos quais 30 morreram e dois desapareceram após o acidente. Schettino é suspeito de ser o responsável pelo naufrágio, além de ser acusado de abandonar o navio antes que fosse finalizada a retirada de pessoas.

A conduta de Schettino durante o acidente chocou a Itália e a comunidade internacional. O então capitão afirmou ter se aproximado da ilha de Giglio, onde o navio bateu contra as rochas que o levaram a naufragar, apenas para dar um "oi" a um velho amigo que mora ali. Argumentou que conhecia bem a região e que havia feito essa manobra "três ou quatro vezes". Além disso, Schettino negou ter abandonado o barco. Ele disse que estava tentando fazer os passageiros entrar nos botes salva-vidas quando escorregou e caiu sentado em um dos botes.

No julgamento, Schettino admitiu que cometeu erros, mas acusou a companhia Costa, dona do navio, de ter atribuído as responsabilidades pelo fato erroneamente. Na última semana, Schettino inclusive entrou com uma ação judicial para ser recontratado pela empresa, que o teria demitido de forma injusta.

Seu advogado, Francesco Pepe, disse que provaria que seu cliente não era o único responsável pelo acidente.

"A responsabilidade dele precisa ser estabelecida, e precisa ser estabelecido que outros contribuíram para o naufrágio também", disse Pepe, após o primeiro dia de audiência.

Luciano Castro, italiano sobrevivente, disse que Schettino pareceu constrangido ao cumprimentá-lo. "Eu disse a ele que a verdade tinha de enfim aparecer, e ele concordou que ela precisava aparecer logo."

RESPONSABILIDADES

Os advogados das famílias atingidas pela tragédia disseram querer enxergar além de Schettino.

"Essas pessoas não morreram por causa do capitão Schettino, elas morreram por causa da corporação, por causa da negligência das suas práticas e dos seus procedimentos de segurança. Ninguém precisava ter morrido", disse Peter Ronai, um dos advogados.

Nesta segunda-feira, eles apresentaram evidências de que os mapas usados no navio não eram adequados, que a embarcação se aproximou demais da margem em velocidade muito alta e que a equipe não estava preparada para a retirada dos tripulantes.

Schettino não falou, mas seus advogados admitiram sua culpa no acidente. Além dele, oito funcionários e executivos da empresa Costa estão sendo investigados.

Castro, que estava a bordo do navio quando ele afundou disse que "tudo que o capitão Schettino precisa é dizer a verdade em primeiro lugar e, depois, lembrar-se de que existem pessoas que perderam seus entes amados por causa do que aconteceu olhando para ele."

Fonte: Portal Uol/Cidade News Itaú

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