O capitão acusado de ser o principal
responsável pelo naufrágio do navio Costa Concordia no sul da Itália em
janeiro, que deixou 32 mortos, cumprimentou os sobreviventes nesta
segunda-feira e pediu desculpas a eles. O fato ocorreu em seu julgamento, num tribunal
no sul do país.
Francesco Schettino, que comandou o
navio no desastre, aparentou estar relaxado e conversou bastante com seus
advogados, de acordo com um dos advogados representante das famílias dos
sobreviventes.
O Costa Concordia naufragou em janeiro,
depois de um cruzeiro pelo mar Mediterrâneo, na região da Toscana, na Itália. A
embarcação transportava 4.229 passageiros, dos quais 30 morreram e dois
desapareceram após o acidente. Schettino é suspeito de ser o responsável pelo
naufrágio, além de ser acusado de abandonar o navio antes que fosse finalizada
a retirada de pessoas.
A conduta de Schettino durante o
acidente chocou a Itália e a comunidade internacional. O então capitão afirmou
ter se aproximado da ilha de Giglio, onde o navio bateu contra as rochas que o
levaram a naufragar, apenas para dar um "oi" a um velho amigo que
mora ali. Argumentou que conhecia bem a região e que havia feito essa manobra
"três ou quatro vezes". Além disso, Schettino negou ter abandonado o
barco. Ele disse que estava tentando fazer os passageiros entrar nos botes
salva-vidas quando escorregou e caiu sentado em um dos botes.
No julgamento, Schettino admitiu que
cometeu erros, mas acusou a companhia Costa, dona do navio, de ter atribuído as
responsabilidades pelo fato erroneamente. Na última semana, Schettino inclusive
entrou com uma ação judicial para ser recontratado pela empresa, que o teria
demitido de forma injusta.
Seu advogado, Francesco Pepe, disse
que provaria que seu cliente não era o único responsável pelo acidente.
"A responsabilidade dele precisa
ser estabelecida, e precisa ser estabelecido que outros contribuíram para o
naufrágio também", disse Pepe, após o primeiro dia de audiência.
Luciano Castro, italiano
sobrevivente, disse que Schettino pareceu constrangido ao cumprimentá-lo.
"Eu disse a ele que a verdade tinha de enfim aparecer, e ele concordou que
ela precisava aparecer logo."
RESPONSABILIDADES
Os advogados das famílias atingidas
pela tragédia disseram querer enxergar além de Schettino.
"Essas pessoas não morreram por
causa do capitão Schettino, elas morreram por causa da corporação, por causa da
negligência das suas práticas e dos seus procedimentos de segurança. Ninguém
precisava ter morrido", disse Peter Ronai, um dos advogados.
Nesta segunda-feira, eles
apresentaram evidências de que os mapas usados no navio não eram adequados, que
a embarcação se aproximou demais da margem em velocidade muito alta e que a
equipe não estava preparada para a retirada dos tripulantes.
Schettino não falou, mas seus
advogados admitiram sua culpa no acidente. Além dele, oito funcionários e
executivos da empresa Costa estão sendo investigados.
Castro, que estava a bordo do navio
quando ele afundou disse que "tudo que o capitão Schettino precisa é dizer
a verdade em primeiro lugar e, depois, lembrar-se de que existem pessoas que
perderam seus entes amados por causa do que aconteceu olhando para ele."
Fonte: Portal Uol/Cidade News Itaú
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