VALE DO AÇU – As adversidades decorrentes do período de estiagem no segmento da cajucultura passaram a somar com outra dificuldade exponencial: a presença da praga da mosca branca.
O problema foi alertado pelo presidente da Associação de Pequenos Produtores do projeto de assentamento de reforma agrária de Novo Pingos, em Assú, Manuel Cristiano da Cunha. A entidade mantém uma unidade de beneficiamento da castanha do caju com uma produção que atende aos mercados interno e externo.
"A falta de chuva já é uma grande preocupação e, agora, surge uma preocupação ainda maior, que é a mosca branca", registrou o dirigente associativista. Manuel Cristiano disse que, para que se projete uma boa safra de caju é indispensável que se obtenha uma boa temporada chuvosa, numa média de 600 a 700 milímetros.
"Este ano, no caso particular de nossa comunidade e região, choveu um pouco mais de 160 milímetros, o que é insuficiente [para garantir uma safra razoável]", informou.
O dirigente disse que o reflexo disso é que, em pleno fim de agosto, não se consegue vislumbrar o florescimento dos cajueiros.
"Normalmente já era para os pés de caju estarem safrejando nesta época do ano", adiantou. Manuel Cristiano declarou que a temporada propícia da safra são os meses de outubro e novembro até o início de dezembro.
"Mas do jeito que está, dificilmente teremos uma florada que indique uma boa safra", lamentou, reafirmando que as dores de cabeça aumentam com a presença da mosca branca.
Ele disse que diversos pomares já apresentam indícios de presença do inseto. "Ela [mosca branca] está chegando numa velocidade muito rápida aos pomares de caju de nossa região, inclusive na área do nosso assentamento", reiterou. Manuel Cristiano relatou que o maior prejuízo provocado pela praga é impedir que o pomar safreje.
"Não tem como aquele pé de cajueiro produzir estando contaminado pela mosca branca", enfatizou, dizendo que idêntica situação observa-se em cidades como Apodi, Severiano Melo e Portalegre, entre outras.
Contratos de venda podem ser descumpridos
Segundo o presidente da Associação de Pequenos Produtores do projeto de assentamento de reforma agrária de Novo Pingos, Manuel Cristiano, a aflição dos cajucultores da sua região é maior ainda pelo fato de ter sido celebrado recentemente um contrato de fornecimento do produto beneficiado com uma rede de supermercados no valor de R$ 200 mil.
O contrato envolveu a Central de Produção e Beneficiamento, que é composta por 10 cooperativas e associações com atuação na área. Destacou que o temor dos dirigentes é que a produção se frustre e não haja condição de respeitar os termos contratuais.
REPACTUAÇÃO
"Se isso [o contrato] não for cumprido, teremos que pagar uma multa", lembrou. Prevendo tal situação, ele informou que os representantes das 10 entidades de produção e beneficiamento da castanha do caju já procuraram assessoramento junto ao escritório regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do RN (Sebrae/RN), em Mossoró, e à Fundação Banco do Brasil (FBB), em Brasília.
O objetivo é viabilizar uma renegociação do contrato com a rede de supermercados a fim de evitar a punição aos fornecedores, em consequência da impossibilidade de atender à demanda contratada.
Fonte: O Mossoroense/Cidade News Itaú
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