O relatório de especialistas judiciais sobre o acidente com o voo AF 447 da Air France, em 2009, deve apontar que houve uma combinação de erros humanos e falhas técnicas, segundo fonte ouvida pela agência AFP. Segundo a agência, este relatório deve ser apresentado no dia 10 de julho às famílias das vítimas. Amanhã (5), o Escritório de Investigações e Análises (BEA), órgão público francês encarregado das investigações em segurança da aviação, vai apresentar em Paris o relatório técnico final do inquérito sobre o caso. Este relatório aponta, principalmente, medidas para prevenir futuros acidentes.
As conclusões do relatório da Justiça francesa --que já indiciou a Airbus (fabricante do avião) e a Air France por homicídio culposo-- apontam a perda de dados sobre o voo causadas principalmente pelo congelamento das sondas Pitot (que medem a velocidade da aeronave) –considerado um procedimento inadequado–, mas aponta também a falta de resposta adequada da tripulação ao que ocorria com a aeronave e ainda a inexistência de um acompanhamento dos incidentes registrados desde 2004.
O voo AF 447 caiu no oceano Atlântico enquanto fazia o trajeto entre o Rio de Janeiro e Paris, no dia 1º de junho de 2009. Todos os 228 ocupantes do avião morreram.
As conclusões deste relatório de 356 páginas começam com a descrição da perda do controle e de sustentação da aeronave. "A perda de controle foi iniciada por uma trajetória descontrolada que foi registrada após a perda dos dados de pressão total devido ao congelamento das sondas Pitot, acompanhada pelos alarmes e degradação dos sistemas associados", de acordo com os resultados citados pela fonte da AFP.
"A falta de informações da tripulação sobre o congelamento das sondas e da altitude contribuíram para o elemento surpresa", acrescentou. As conclusões sugerem, em seguida, procedimentos de emergência inadequados, somados às "condições de voo adversas: noite, turbulência e falta de referências visuais".
Os especialistas também apontam para o comandante de bordo, que "não assumiu suas responsabilidades gerenciais" e "inibiu a vontade de agir do copiloto". O treinamento dos pilotos também foi questionado: "Não existem requisitos especiais adicionais para a competência do copiloto, definidos pelo operador, para assumir a função de substituto do comandante de bordo".
Modificações técnicas também foram analisadas, já que não houve uma análise de segurança, enquanto são apontadas "especificações de certificação (CS25), que não evoluíram após os incidentes de perda de indicações de velocidade desde 2004".
Investigação e relatórios
Relatórios preliminares já foram divulgados nestes três anos pelo BEA e o documento final, que será divulgado oficialmente em uma coletiva de imprensa amanhã, deve servir como base para estabelecer eventuais responsabilidades penais, já que a Justiça francesa mantém aberto um processo pelo acidente, no qual estão acusados a Air France e a Airbus.
O último relatório do BEA, divulgado em julho do ano passado, apontava para um erro de pilotagem como possível causa do acidente, mas não descartava problemas mecânicos.Segundo o documento, o copiloto do avião iniciou uma manobra equivocada depois que o piloto automático se desativou durante a passagem por uma zona de turbulências e enquanto o comandante efetuava seu repouso regulamentar.
Uma vez na cabine de comando, o piloto também não adotou as decisões adequadas, o que teria feito com que o avião perdesse paulatinamente altura até cair no Atlântico.
Os investigadores assinalaram que a tripulação não estava preparada para enfrentar uma situação desse tipo em grande altitude, e também indicaram falhas no funcionamento das sondas de medição da velocidade, que foram mudadas em todos os aviões após o acidente.
O trabalho de busca dos cadáveres e dos restos do avião, não deu resultado até maio de 2011, enquanto a recuperação das caixas-pretas e de outros elementos do avião permitiu ao BEA reconstruir as circunstâncias do acidente. (Com AFP e EFE)
Fonte: Portal Uol/Cidade News Itaú
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