A estudante Lázara Roberta de Oliveira Ferreira, que tinha 26 anos e foi morta na madrugada de terça-feira passada, foi punida por ter denunciado dois “funcionários” de um traficante da favela do Tranquilim (zona leste). Os dois jovens, ambos adolescentes, foram apreendidos ontem e confessaram que mataram porque haviam sido delatados à Polícia Militar. Eles foram até a casa dela e se vingaram. O traficante que seria chefe dos assassinos não foi identificado. A polícia quer saber se ele teria sido o mandante.
Os dois adolescentes foram apreendidos ontem pela manhã, por acaso, por policiais militares. A dupla estava com duas armas, sendo uma delas de calibre igual ao que havia sido usado na morte de Lázara. “Quando soubemos disso, logo desconfiamos que poderia ter alguma relação com a morte da estudante. Conversando com os dois, logo eles confessaram e disseram que mataram porque ela havia entregado eles à PM”, explica o delegado Denys Carvalho da Ponte, que acompanhou o caso ontem e o definiu como esclarecido, com a apreensão dos menores e das armas, a confissão deles, etc.
Os dois adolescentes contaram, em depoimento, que realmente mataram Lázara Roberta. Os dois trabalhavam na função chamada “avião”, que é uma espécie de leva e trás dos traficantes. A dupla disse que matou apenas porque havia sido denunciada pela jovem, negando que o dono das drogas que eles revendiam tivesse algum tipo de participação. A investigação buscará identificar quem é o tal traficante e saber se ele teve participação, atuando como mandante, por exemplo. Os dois recusaram-se a informar o seu nome, ainda conforme o delegado Denys Carvalho, que acompanha o caso.
As roupas usadas pelos dois jovens e uma das armas foram reconhecidas pelo pai da vítima, o agricultor José Roseno Ferreira, de 58 anos. Ele estava com a filha, no momento que a dupla invadiu sua casa e atirou. As armas serão encaminhadas ao Instituto Técnico-Científico de Polícia (ITEP) para serem submetidas ao exame de balística, que compara as cápsulas deixadas no local com a das armas apreendidas. Os jovens farão também exame de residuograma de chumbo, que é onde se detecta o uso de arma de fogo. No caso, o tiro foi dado pelo jovem de 16. O outro, de 17, só teria dado o apoio.
Pai da vítima foge com medo
A morte de Lázara Roberta de Oliveira Ferreira foi uma clara resposta do tráfico de drogas, conforme mostram as investigações. Foi por isso que o pai dela, o agricultor José Roseno Ferreira, de 58 anos, decidiu abandonar a sua casa.
A decisão veio logo após a apreensão dos dois adolescen-tes. Ele ajudou na investigação, reconhecendo os objetos que eles usaram e uma das armas.
Ontem à tarde, ainda assustado, seu José negou que a filha tenha denunciado traficantes, numa clara demonstração de que está com medo de sofrer algum tipo de represália. “Nunca no mundo ela fez isso. Ela tinha inté medo dessas coisas”, disse ontem o agricultor.
José Roseno decidiu ir morar com um irmão, em outro Estado, por temer pela vida. “Eu tenho medo de fazer comigo também, né?”, afirmou.
A ousadia dos bandidos aumenta ainda mais o temor dos moradores. Na noite do crime, eles entraram primeiro em uma casa, vizinho à que moravam Lázara e seu José.
Não fizeram cerimônia e foram logo atirando na porta. Ao perceberem o erro, invadi-ram a outra e acharam o alvo.
Fonte: Defato/Cidade News Itaú
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