Mossoró está entre as cidades mais violentas para mulheres no Brasil inteiro. Esse é o resultado de um estudo divulgada em abril deste ano, que pesquisou a violência feminina nas cidades, capitais e Estados brasileiros. A segunda maior cidade do Rio Grande do Norte aparece com uma média de mortes duas vezes maior que a nacional. Dos 578 municípios pesquisados, Mossoró figurou na posição de número 50, mas a delegacia responsável pela investigação de crimes contra as mulheres contesta o estudo.
A pesquisa faz parte do Mapa da Violência 2012, feita pelo Instituto Sangari, hoje uma das maiores referências nacionais em estudos sobre a violência, e foi divulgada em abril deste ano. O índice é calculado a partir de uma média feita entre o número de habitantes e a quantidade de assassinatos nas cidades, capitais e Estados. A média de mortes no Brasil é de 4,4, enquanto Mossoró ficou com 10,4. Estão inseridos aí os homicídios ocorridos em 2008 (13), 2009 (4) e 2010 (14), totalizando 31 assassinatos. As cidades pesquisadas têm mais de 26 mil habitantes e 97 tiveram média maior que 8.
Dentro dessas 97, Mossoró é a única cidade norte-rio-grandense que aparece na pesquisa. Ela ocupa a posição de número 50. A mais violenta é Paragominas (PA), cuja média é de 24,7, enquanto Alfenas (MG) fica na última posição, com média 8. "Para evitar possíveis flutuações ocasionais, que podem acontecer em unidades de pequeno porte, só foram estimadas as taxas de 578 municípios que, segundo o Censo de 2010, contavam mais de 26 mil mulheres. Nesse documento, só foram listados com taxas acima de 8", explicam os autores da pesquisa, em relatório.
Em níveis de Estados e capitais, a situação potiguar é mais confortável. Das 27 unidades federativas que compõem o Brasil, o Rio Grande do Norte ficou na vigésima posição, com 62 mortes entre 2008 e 2010, cuja média de assassinados para cada 100 mil habitantes é de 3,8, menor que a nacional (4,4). Nos níveis das capitais, Natal fica numa situação mais desconfortável, na posição de número 11. Foram 20 assassinatos na capital norte-rio-grandense, cuja média é de 6,3. Verificando-se as médias dos municípios, capitais e Estados, a primeira é a pior, cujo índice de mortes é de 10,4.
Delegacia contesta dados da Pesquisa
Os dados divulgados pelo Instituto Sangari, no Mapa da Violência 2012, são catalogados através do Ministério da Saúde (MS), que é abastecido pelo Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). Segundo o estudo, Mossoró teve 31 mulheres mortas entre 2008 e 2010, mas a delegacia responsável pela investigação de crimes cometidos contra mulheres contesta esses dados. A pesquisa teria incluído mortes acidentais e suicídios. Sem isso, seriam exatos 20 homicídios.
A delegada Cristiane Magalhães responde pela Delegacia Especializada na Defesa da Mulher (DEAM) de Mossoró e, obrigatoriamente, todos os crimes cometidos contra pessoas do sexo feminino devem ser investigados pela sua DP.
Ela mostrou-se irritada com o resultado da pesquisa, co-locando Mossoró entre as mais violentas do Brasil, no tocante à violência contra as mulheres.
Logo após ter sido procurada pelo primeiro veículo de comunicação e informada sobre o resultado do estudo, ela passou a levantar informações dos procedimentos instaura-dos em período igual à pesquisa.
Em 2008, ela confirma que ocorreram 13 mortes, mas a-penas sete foram provocadas por crimes de homicídio. A investigação mostrou que cinco foram provocadas por acidente e uma foi fruto de um suicídio.
Segundo Cristiane Magalhães, a diferença entre a realidade e os dados divulgados continua em 2009, quando três mulheres foram assassinadas, em um universo de nove mortes por motivos diversificados.
Em 2010, o estudo mostra que 14 foram assassinadas, mas os dados da Deam registram apenas 10 homicídios, em um total de 13 mortes. As outras três foram dois suicídios e uma morte provocada por acidente.
"Ainda estou procurando saber qual foi a décima quarta vítima. Não temos nenhum dado sobre isso aqui", destaca a delegada, em tom de ironia.
O relatório que está sendo produzido pela equipe da Delegacia da Mulher de Mossoró consta o número do inquérito, o nome da vítima, data e local do fato e a causa da morte. O documento já estava praticamente completo ontem à tarde, contrapondo a pesquisa divulgada pelo Instituto Sangari.
Fonte: Defato
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