Uma nova paralisação de médicos contra planos de saúde está prevista para esta quarta-feira (25). É a terceira mobilização no intervalo de um ano, cobrando aumento nos honorários e melhores condições de trabalho.
Atendimentos de urgência e emergência serão mantidos, mas consultas eletivas pelos planos de saúde devem ser suspensas na quarta-feira (25) em 12 Estados: Acre, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e Santa Catarina.
Nos demais Estados haverá manifestações nas ruas contra as operadoras de saúde.
A principal reivindicação dos médicos é garantir aumentos regulares nos honorários. "Conseguimos muitos avanços nas negociações com as operadoras [desde a paralisação de abril de 2011]. Houve um aumento real, mas queremos que os aumentos sejam feitos sem precisar de conflito", diz Aloísio Tibiriçá, 2º vice-presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina).
A comissão que reivindica melhores honorários --formada por CFM, Fenam (Federação Nacional dos Médicos) e AMB (Associação Médica Brasileira)-- tem reunião marcada na quarta, na ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
As entidades entregarão uma pauta com 15 pontos que querem ver concretizados em uma resolução normativa da ANS.
Pedem, por exemplo, que os planos reajustem a cada ano o honorário do médico, que os planos paguem multa se atrasarem o pagamento ao médico e que haja uma justificativa formal para as glosas (atendimentos que deixam de ser pagos pelos planos aos médicos por motivos variados). De forma geral, querem regular a relação médico-operadora.
Para as associações de médicos, a ANS tem deixado a desejar na regulamentação do segmento. "A ANS deveria se preocupar com a rede de atendimento e limitar, se fosse o caso, a venda de planos de saúde. O usuário está sendo enganado, não tem uma rede de assistência", critica Márcio Bichara, secretário de saúde suplementar da Fenam. As entidades dizem que, em média, o tempo de espera por uma consulta via plano de saúde é de três semanas.
Tibiriçá, do CFM, questiona as intenções do governo frente ao mercado de planos de saúde, que está em crescimento e hoje abarca 25% da população brasileira. Ele lembra que cada novo usuário de plano significa uma pessoa a menos para ser atendida na rede pública e, consequentemente, verba pública economizada.
"Interessa ao governo que haja um crescimento dos planos? Não sei qual é o projeto do governo para a saúde", diz ele, que compara a relação desregulada dos médicos com os planos de saúde como "boias-frias".
Fonte: Folha de São Paulo
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