“Se você é diabético e eu falo não coma açúcar, aí você vai lá e come, a culpa é minha?” A frase é do médico Joaquim Grava, responsável pela cirurgia de tendão calcâneo à qual Adriano foi submetido em abril. É um desabafo sobre a situação do atacante, que não seguiu o tratamento pós-operatório indicado pelos médicos (colocou o pé no chão sete dias após a cirurgia e faltou a treinos) e, quase um ano depois, acabou demitido por justa causa do Corinthians.
A caminho do Flamengo, onde se apresentou na última segunda-feira para os primeiros exames médicos, o Imperador tem a sua condição física em xeque. Ele ainda manca e especula-se sobre a possibilidade de uma nova cirurgia no tendão. Pessoas próximas ao atleta falam em atacar o departamento médico corintiano na disputa judicial que pode acontecer após a justa causa.
"Não tenho absolutamente nada a ver com o Adriano. Isso é outro público. Operei, pus ele para jogar, não pus?”, decretou o consultor médico corintiano, ao UOL Esporte.
Para se defender, citou seus mais de 30 anos de carreira e outros casos de lesões graves que tratou, como os joelhos de Ronaldo, Maikon Leite e Edu Dracena. Deixou claro que Adriano não se dedicou ao processo de recuperação.
“Quantas vezes li no UOL notícias de que o Adriano faltou ao treino, isso, aquilo. Agora você vem perguntar para mim sobre ele?”, esbravejou, ao telefone. “Ele jogou, não jogou? Fez gol, não fez? Não sou eu que vou falar do Adriano. Se ele nunca mais tivesse jogado...”
O Corinthians se resguarda para fundamentar a demissão. “Um documento que comprovaria mais de 40 faltas do atacante em sessões de recuperação deve ser um dos primeiros do dossiê”, informou o Blog do Perrone na última sexta-feira, dia do anúncio da justa causa.
A real situação física do Imperador será divulgada pelo time carioca em uma semana. “Vamos fazer uma série de avaliações laboratoriais e clínicas ao longo de uma semana. O Departamento Médico do Flamengo acompanhará esse processo. Quando tivermos o parecer final, com uma definição real e completa da situação do jogador, daremos novas informações”, explicou o chefe do departamento médico rubro-negro, José Luiz Runco.
Grava revelou ter conversado com Runco. “Isso é uma coisa entre mim e o Runco. Se o Adriano tiver que ser operado, vai ser operado e não tenho nada a ver com isso. É problema do Flamengo, do Corinthians. Eu não tenho que falar sobre isso. Você me ligou para causar polêmica”, declarou. Contou ainda que recebeu um telefonema do Imperador no último domingo para tratar de assuntos pessoais, pois eles têm uma boa relação.
Prova da falta de dedicação do atacante ao tratamento é que sete dias após a cirurgia ele foi visto de muleta fazendo compras em um shopping no Rio de Janeiro. Os médicos haviam recomendado 15 dias de repouso sem qualquer movimento da perna, pois se trata de uma cirurgia delicada.
O lateral esquerdo Junior Cesar, do Fla, também foi submetido à mesma intervenção cirúrgica no tendão calcâneo, quando atuava pelo São Paulo. Voltou aos treinamentos em quatro meses, superando a previsão inicial dos médicos de cinco meses longe dos gramados. Jogou seis meses depois da lesão
Já Adriano foi operado no dia 20 de abril e estreou com a camisa 10 alvinegra em 8 de outubro, menos de seis meses depois. Atuou apenas oito partidas pelo Timão e anotou dois gols. A briga com a balança foi constante na passagem pelo clube.
Na tarde desta terça-feira, Grava concedeu uma entrevista ao programa Jogo Aberto, da TV Bandeirantes. Nela, falou também do fato de Adriano mancar depois da cirurgia. No entanto, segundo ele, o próprio Imperador alegou que já andava com dificuldades antes mesmo de chegar ao Corinthians. "Eu perguntava se estava mancando, mas ele dizia que não, dizia que estava assim desde a Roma. E se você reparar, na apresentação dele ao Corinthians [antes da lesão no tendão], ele já caminha mancando ao lado do [ex-presidente] Andrés Sanchez", argumentou o médico.
Fonte: Uol Esportes
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