No governo anterior, mais de 12 mil pessoas conseguiram a promoção, recebendo melhoria nos salários que variaram de 20% a 80%. Desses, uma grande parte recebia pouco mais de um salário mínimo. Os aposentados também se beneficiaram da medida.
Contudo, Milton Urbano, representante do Sindicato do dos Trabalhadores em Educação (SINTE - regional de Pau dos Ferros), explica que esse não é um problema pontual do atual governo. "Se os governos viessem mantendo tudo regularizado, não teríamos mais esse problema", enfatizou.
De acordo com a dirigente estadual do Sinte, Fátima Cardoso, existem recursos oriundos de verbas destinadas à educação para esses fins, mas falta uma atuação mais enérgica do Conselho do Fundeb.
A dirigente alerta para uma coisa muito séria. Segundo ela, a falta de incentivos na educação do Estado vem provocando, há muitos anos, um alto grau de desistência e desinteresse. "Muitos colegas ficam sem perspectiva", disse.
Diante disso, Fátima diz ter receio do futuro. A preocupação é que a juventude que está entrando perca a expectativa com esse emprego. "Ele não aguenta o que a gente aguenta há tanto tempo", sugeriu.
Outra revelação preocupante do Sinte é que o Estado praticamente não possui doutores em seu quadro de funcionários na Educação. "Deve ter uns três", revelou Fátima.
Com um salário-base de R$ 2 mil, nenhum servidor com essa qualificação fica no quadro funcional. "O Ministério da Educação deveria aproveitar esses profissionais para capacitar os demais professores da rede básica", sugere.
AFASTAMENTO
Não é apenas a demora na liberação das promoções que desanima os profissionais da educação. Outro grande problema é a dificuldade que o professor tem para conseguir afastamento para se qualificar. De acordo com o sindicato, a média de liberação de professores é de dois anos, o tempo de um mestrado. "Geralmente isso demora o tempo da qualificação", realça Fátima Cardoso. "Quando o profissional é importante para a instituição, esse afastamento acontece à revelia, ou seja, é dado pela própria escola", completa.
QUALIFICAÇÃO OFICIAL
O Ministério da Educação ainda não oferece possibilidade de qualificação em pós-graduação. Por enquanto, o órgão só oferece primeira e segunda graduação, para adequar os servidores ao regime de trabalho. Esse serviço é ofertado através dos polos da Universidade Aberta do Brasil (UAB) ou em outras instituições de ensino superior.
BASTIDORES
Para construir essa matéria, realizei várias ligações para muitos professores da rede estadual em diversos municípios. Embora o problema das promoções afete um número muito alto de professores, não foi fácil conseguir os personagens citados. A maioria se recusou a falar, sobretudo os que tinham algum outro vínculo junto a instituição escolar ou representação da Secretaria Estadual de Educação.
O mais interessante é que não se trata de uma imposição institucional, mas cultural dos próprios servidores, que preferem não se expor, contradizendo a própria liberdade de expressão. A recusa mais incomum foi a de um secretário municipal, que achou inconveniente dar uma opinião para não se indispor com o grupo ao qual está ligado.
Fonte: Defato
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!