Depois de três dias de caos na obstetrícia de Mossoró, os partos cesarianos, que estavam sendo realizados no município de Russas (CE), voltaram a ser feitos na cidade de Mossoró, com a retomada dos serviços de anestesiologia. Os onze profissionais decidiram encerrar a paralisação de forma parcial, contemplando apenas os atendimentos na obstetrícia da Maternidade Almeida Castro, depois de uma reunião ocorrida na noite da última terça-feira, 3. Com a retomada dos serviços, nove partos cesarianos foram realizados em Mossoró.
A parturiente Cláudia Vitória Pessoa de Lima, de 21 anos, grávida de seu primeiro filho, foi a primeira paciente a ser contemplada com o retorno dos anestesiologistas. Ela chegou à Maternidade Almeida Castro por volta das 3h da madrugada de ontem e foi encaminhada para a sala de parto normal no início da manhã, mas como não foi possível devido à pouca dilatação, seu procedimento evoluiu para uma cesariana, e como os anestesiologistas haviam retomado as atividades, Cláudia Vitória foi operada e passa bem.
O primeiro bebê a nascer em Mossoró depois do caos foi Maria Evelim, filha de Cláudia Vitória. A recém-nascida precisou de cuidados especiais e está internada na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI). Segundo a assistente social da Maternidade, Andréia Lira, Maria Evelim poderia ter morrido se tivesse nascido em um hospital que não tivesse o leito especial que foi necessário para garantir a sua saúde.
Além de Cláudia Vitória, outras oito mulheres deram à luz a seus bebês na cidade de Mossoró durante o dia de ontem, e entre as cesarianas realizadas, três foram por meio de planos de saúde, uma particular e cinco através do convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS).
Nesses quatro primeiros dias de janeiro, em decorrência da paralisação dos anestesiologistas, oito bebês foram impedidos de nascer em Mossoró e suas mães tiveram de ser transferidas às pressas para o Estado vizinho do Ceará, para poderem dar à luz. Apesar de todo o transtorno vivenciado por suas mães, que precisaram enfrentar uma viagem de mais de uma hora, os oito recém-nascidos que nasceram no Hospital Divina Providência passam bem e devem voltar para Mossoró ainda hoje.
O diretor administrativo da Clínica de Anestesiologia de Mossoró, Ronaldo Fixina, falou sobre o encerramento parcial da paralisação dos onze profissionais da anestesiologia que prestam serviço à Prefeitura de Mossoró.
Segundo o médico, os procedimentos foram retomados parcialmente e as cirurgias estão sendo realizadas em apenas uma sala de cirurgia da Maternidade Almeida Castro, com o uso do equipamento cedido pelo Hospital Regional Tarcísio Maia. O profissional explica também que uma reforma deverá ser realizada no setor de obstetrícia da maternidade e outro equipamento deverá ser adquirido. Ele frisa que os procedimentos eletivos no Centro de Oncologia, no Wilson Rosado e na Casa de Saúde Santa Luzia continuam suspensos até a correção do contrato com a Prefeitura.
Ronaldo Fixina não descarta a possibilidade de uma nova paralisação, que deve acontecer caso haja alguma punição judicial para a categoria devido aos dias de paralisação.
O médico nega que teria dito que queria ver gente morrer. "Isso é uma mentira. O que eu disse é que chegaria ao ponto de morrer pacientes de poder político ou social e só então o problema seria resolvido", declara.
Categoria apoia Fixina
A reportagem do DE FATO procurou outro profissional integrante da Clínica de Anestesiologia de Mossoró (CAM), Valdomiro Silveira, para saber o posicionamento dos demais anestesiologistas sobre essa situação, já que o diretor administrativo, Ronaldo Fixina, tem sido o único representante da categoria a se pronunciar.
Valdomiro Silveira afirma que o fato de o diretor falar mais sobre o assunto do que os outros dez profissionais da CAM é porque ele foi escolhido por todos para representar a clínica e evitar a divulgação de informações desencontradas, mas que todos compactuam do mesmo posicionamento e todas as decisões foram tomadas em conjunto.
"Todas as decisões foram tomadas em conjunto; Fixina é apenas nosso representante", ressalta.
Questionado sobre a quebra do juramento médico por parte dos profissionais, o médico frisa que o direito do atendimento às pacientes não foi negado, já que os anestesiologistas apenas se recusaram a atender na Maternidade Almeida Castro, mas que estavam à disposição para realizar os procedimentos no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM).
Sobre a paralisação ter começado no dia 1° de janeiro, quando é comum os hospitais terem dificuldade de fechar escalas de plantões, Valdomiro Silveira alegou que a data quem escolheu foi a Prefeitura, que quebrou o contrato que tinha com a CAM.
Fonte: Defato
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