Mais de 30 pessoas foram presas no sábado passado por envolvimento com o jogo do bicho. Oito estabelecimentos diferentes foram alvo de uma operação realizada em conjunto por diversas forças de segurança de Mossoró. Nas casas onde funcionavam os chamados jogos de azar foram apreendidos material impresso, computadores e cerca de R$ 5 mil em dinheiro, fruto das apostas dos jogadores. Todos os presos foram ouvidos e liberados - jogo do bicho é uma conduta de menor gravidade.
A operação foi realizada em conjunto pelo Ministério Público Estadual, com apoio da Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Civil. Foram expedidos dez mandados de busca e apreensão em pontos diversos da cidade que eram utilizados para a prática do jogo do bicho. Segundo o promotor Romero Marinho, foi feito um levantamento pelo próprio MPE, identificando esses pontos. A partir disso, a PRF e a Polícia Civil foram acionados para dar apoio no cumprimento das ordens judiciais. Equipes do Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Médico de Urgência também participaram.
A operação "De Rombo", em alusão ao termo que é comumente dito nos bingos, foi deflagrada na noite de sábado passado. Três dos dez alvos escaparam da operação. Um deles funcionava durante a tarde e os outros dois estavam fechados. "Se a gente fosse a esse que funciona à tarde poderíamos perder os outros, então achamos melhor sacrificar esse ponto para pegar os outros", explica o promotor, lembrando que esses três pontos não serão "poupados". Os proprietários irão responder pelo jogo de azar, previsto na lei brasileira como uma contravenção - uma espécie de crime mais simples.
Como se trata de uma infração considerada de "menor potencial ofensivo", as 36 pessoas detidas na noite de sábado, entre proprietários e funcionários desses estabelecimentos, foram submetidas a um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), que é um registro mais simples (em comparação com um Boletim de Ocorrência), e depois liberadas. Foram apreendidos um computador, R$ 5.537,35 (cinco mil, quinhentos e trinta sete reais e trinta e cinco centavos), além do material impresso que caracteriza o jogo de azar. Apesar desse número de presos, não houve nenhum tumulto.
Promotor acredita que bicheiros não vão parar
Oito pontos que funcionavam como casas de jogos de azar foram fechados no sábado passado, em Mossoró. Operações semelhantes a esta já foram realizadas em outras cidades do Rio Grande do Norte, mas o jogo do bicho, que é uma tradição bastante antiga, nunca deixou de acontecer.
Para o promotor Romero Marinho, responsável pela operação feita em Mossoró, os bicheiros vão voltar, assim como aconteceu noutras cidades. "Eu tenho certeza que vão voltar", taxa Romero, que agora entrega a função de promotor do Juizado Especial, que trata, entre outros, do jogo do bicho - ele é promotor da Vara de Entorpecentes e estava assumindo essa função interinamente.
O promotor lembra que é difícil colocar um ponto final numa prática tão antiga, mas ressalta que a manutenção da fiscalização poderia ser a saída.
"É um trabalho de manutenção de fiscalização", afirma, lembrando que sua preocupação em conter o avanço dessa prática tem por objetivo coibir o acontecimento de outros crimes, como vem ocorrendo em outras cidades brasileiras.
"É uma situação (o jogo do bicho) que evolui para o cometimento de outros crimes. No Rio de Janeiro, começou com bingo, passa pelos crimes ambientais, tráfico de mulheres... Na realidade, nossa preocupação é que passe para outra coisa mais grave", esclarece.
Apesar de acreditar no retorno do jogo do bicho, o promotor mostra-se esperançoso no que diz respeito à possibilidade de haver uma maior fiscalização a partir de agora.
Para ilustrar esse quadro, ele cita uma apreensão feita recentemente em uma casa onde funcionava o jogo de azar. Policiais foram ao local, apreenderam armas e drogas e passaram despercebidos pelo jogo, que acontecia na hora da operação.
"A coisa estava tão descarada aqui em Mossoró que foi feita uma abordagem em um bar desses... Acharam arma e droga e o jogo continuou normalmente. A gente acha que, através disso, vamos ter uma tolerância menor com os jogos de azar", destaca esperançoso.
Fonte: DN
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