terça-feira, julho 16, 2024

Ao Conselho de Ética, Chiquinho Brazão nega relação com milícias e se diz inocente no caso Marielle

Chiquinho Brazão em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara — Foto: Reprodução


O deputado federal Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ) afirmou nesta terça-feira (16) que ele e o irmão, Domingos Brazão, são inocentes das acusações de terem mandado matar a vereadora Marielle Franco, durante o depoimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.


O parlamentar foi ouvido, por videoconferência, na condição de representado no processo que pode levar à cassação do mandato dele na Câmara. Brazão é alvo de procedimento no órgão que pede sua cassação por suposta quebra de decoro parlamentar.


Ele e o irmão Domingos Brazão, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), são acusados pela Polícia Federal (PF) de serem os mandantes do assassinato da vereadora do PSOL e do motorista Anderson Gomes — mortos em uma emboscada em 2018.



No depoimento ao Conselho de Ética, Chiquinho negou qualquer envolvimento no crime e alegou que Ronnie Lessa, preso por executar Marielle e Anderson, o delatou para ganhar benefícios.


Em delação premiada, Lessa afirmou que os irmãos Brazão foram os mandantes do crime, e que a motivação seria ligada a questões fundiárias no Rio.

“Nem eu, nem minha família, estamos envolvidos em nada. Somos vítimas de uma acusação, de um réu confesso. Não imaginamos nem o porquê desse indivíduo, que não conhecemos, ele está protegendo, provavelmente, alguém", disse o deputado.


Chiquinho afirmou saber da existência de milícias no Rio de Janeiro, mas negou ter conhecimento de detalhes do funcionamento dos grupos. O parlamentar também defendeu que sempre teve um debate saudável com a vereadora e afirmou não lembrar de ter problemas com Marielle.


“A relação com Marielle era maravilhosa, não era boa. Estou dizendo aqui e afirmando. A Marielle ia lá com a gente bater papo, falar, sempre pedia um chicletinho. Quando ela fazia falas dela, muitas das vezes falava comigo”, disse.


Crimes devem ser "punidos com rigor", disse Domingos

Mais cedo, o irmão de Chiquinho, Domingos Brazão, foi ouvido pela comissão, também por videoconferência. Ele é conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e, assim como o irmão, negou qualquer relação com grupos milicianos que atuam no Rio.


No depoimento que prestou ao Conselho de Ética, Domingos disse que não conhecia Marielle Franco e classificou o crime como "um absurdo".


"Um absurdo o que aconteceu com a vereadora. Infelizmente no Rio de Janeiro já aconteceu com vários outros parlamentares. Eu pessoalmente não conheci a vereadora, mas é claro que é um absurdo esse crime e tem que ser punido com rigor", afirmou o conselheiro do TCE-RJ.

Domingos Brazão também negou a existência de conflitos por terras no Rio, disse que foi alvo de um falso dossiê e que já foi investigado exaustivamente.


"Desde a época do fato, já fomos investigados exaustivamente. Eu já fui investigado de todas as formas", afirmou à comissão.

Sem conflito com Marielle

O conselheiro afastado do TCE-RJ disse que não conheceu Marielle e jamais teve conflitos políticos ou por questões territoriais com a vereadora.


Brazão questionou a motivação apontada pela Polícia Federal para o assassinato de Marielle, que seria a regularização fundiária de loteamentos de terrenos na Zona Oeste do Rio.



"A milícia não tem interesse em regularizar, primeiro porque eles querem construir de qualquer jeito, sem respeitar a legislação, e explorar o pobre depois cobrando água, luz", disse.

Ele reforçou a versão dada pelo delegado Rivaldo Barbosa e disse que nunca o encontrou pessoalmente. Barbosa é ex-chefe da Polícia Civil e está preso acusado de ser um dos mentores do assassinato da vereadora.


"Eu não tenho nem sequer o contato do delegado Rivaldo. Eu nunca estive pessoalmente com o delegado Rivaldo Barbosa, nem para tratar de assuntos do meu interesse e nem por acaso de assuntos de interesse público. Nem como conselheiro, nem relatei nada."

Brazão chorou durante seu depoimento e disse que sua família está fazendo tratamento médico para conseguir lidar com o momento. "Tenho fé em Deus e acredito na Justiça, essa verdade está aparecendo, esses fatos", disse.


O irmão do deputado disse ainda que desde o primeiro momento em que seu nome foi relacionado ao crime contra a vereadora, se colocou à disposição da Polícia Federal.


Segundo ele, o contato foi feito através de e-mail, mas sem retorno. "Pela primeira vez eu estou tendo a oportunidade de falar. Embora o ministro Alexandre de Moraes tenha autorizado, a Polícia Federal não se interessou em me ouvir."


Fonte: g1

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