A ameaça de desobediência de ordens judiciais da Suprema Corte do Brasil disparada pelo controverso bilionário Elon Musk não foi lida nem como galhofa nem como bobagem para atiçar as redes sociais. Nos tribunais superiores e nos estamentos mais altos da política, a artilharia foi recebida com a gravidade que inspira.
"Não acho que foi casca de banana, não", avalia um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). "É parte da retomada da extrema direita no Brasil", concluiu.
Para integrantes do STF, Musk age para jogar água no moinho da extrema direita, alimentando com sua própria rede social teorias da conspiração que amparam, por exemplo, a tese de que há "uma ditadura da toga" no Brasil.
A óbvia distorção da aplicação das leis que protegem o Estado Democrático de Direito tem sido usada como parte da estratégia de blindagem do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados das diversas investigações das quais são alvo.
Ao emprestar seu "X", o ex-Twitter à essa missão, a de provocar o STF, citar censura e ameaçar fechar o escritório da rede social no Brasil, Musk, calculadamente faz eco à teoria da extrema direita e trabalha na chamada "profecia que se autocumpre".
Por óbvio: se passa a descumprir ordem judicial, será punido. Sendo punido, reclamará de perseguição. "É uma armadilha", resume um integrante do STF.
"Musk age de forma a não deixar espaço para inação. Se nada faz, o STF fica desmoralizado."
Os ministros estão irmanados com Alexandre de Moraes. E chamam atenção para um ponto que obviamente influi na "coragem" para o desafio lançado por Musk: a eleição americana.
Se Donald Trump vencer, o cenário para a manutenção da ordem institucional no Brasil --e o devido andamento dos processos sobre Bolsonaro-- se desdobrarão em outras condições de temperatura e pressão.
Fonte: Blog da Daniela Lima
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