O tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Jr., ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), disse em depoimento à Polícia Federal que "ouviu" sobre a existência de uma ordem para atrasar a divulgação de um relatório, feito pelo Ministério da Defesa, que atestava a lisura das urnas eletrônicas, nas eleições de 2022.
As declarações fazem parte do depoimento prestado pelo militar à PF no mês passado, como testemunha, no inquérito que apura tentativa de golpe de Estado no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nesta sexta-feira (15), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirou o sigilo de 27 depoimentos tomados na investigação.
Durante as eleições de 2022, o Ministério da Defesa constituiu uma Comissão de Fiscalização para atestar a lisura da votação. O relatório não apontou falhas no sistema, mas levantou dúvida sobre a possibilidade de problemas na votação.
Baptista Jr. acompanhou o trabalho do grupo e disse à PF que, desde antes do primeiro turno das eleições até o fim do processo, a comissão "não identificou qualquer irregularidade ou fraude no sistema eletrônico de votação".
Após o primeiro turno, o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cobraram o relatório da Defesa antes da segunda etapa de votação. No entanto, o documento só foi entregue em 9 de novembro, 10 dias após o segundo turno. Os dados, porém, já tinham sido apresentados a Bolsonaro.
No depoimento à PF, o ex-comandante da FAB disse que "pela celeridade e dinâmica do trabalho da Comissão de Fiscalização, acredita que teria sido possível divulgar antes" o relatório.
Os investigadores, então, questionaram se o ex-presidente Jair Bolsonaro barrou a divulgação dos dados. Baptista Jr. respondeu que "não participou, mas ouviu que houve uma determinação para não divulgar o Relatório de Fiscalização do Sistema Eletrônico do 1º turno de votação".
O ex-comandante disse ainda que Bolsonaro era informado dos avanços do grupo, e que ele "tinha ciência de que a Comissão de Fiscalização não identificou qualquer fraude nas eleições de 2022, tanto no primeiro, quanto no segundo turno".
Questionado por que a Defesa não entregou o relatório ao TCU e ao TSE, no prazo determinado, Baptista Jr. disse não saber o motivo.
Nota sobre relatório
Os investigadores também perguntaram ao ex-comandante da Aeronáutica se ele foi consultado sobre uma nota divulgada pelo Ministério da Defesa, um dia após a publicação do relatório.
No texto, a pasta afirmava que o documento "embora não tenha apontado também não excluiu a possibilidade de existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022".
Baptista Jr. afirmou que não foi consultado sobre o texto, que acredita que os técnicos também não foram ouvidos, e que a nota foi de "responsabilidade exclusiva" do Ministério da Defesa.
Fonte: g1
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