terça-feira, março 19, 2024

PF aguarda dados dos EUA para confirmar se Bolsonaro e investigados usaram cartões de vacina falsos para entrar no país



A Polícia Federal aguarda dados do Departamento de Justiça dos Estados Unidos para saber se o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Barbosa Cid e outros investigados usaram cartões de vacina falsos para entrar nos EUA no fim de 2022.


Bolsonaro, Cid e mais 15 investigados foram indiciados pela PF nesta segunda (18) por uma série de crimes relacionados a esse esquema.


Com o indiciamento, o caso passa às mãos da Procuradoria-Geral da República (PGR), que vai avaliar se há elementos suficientes para denunciar os investigados à Justiça.


Nesta terça (19), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirou o sigilo do relatório da PF sobre esse caso. Nele, as informações do governo norte-americano constam como "diligências pendentes".


"A investigação aguarda os dados decorrente do Auxilio Jurídico em matéria penal solicitado junto ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos – DOJ, que podem esclarecer se os investigados fizeram uso dos certificados de vacinação ideologicamente falsos quando da entrada e estadia no território norte-americano, podendo configurar novas condutas ilícitas", diz o documento.


O governo dos Estados Unidos foi acionado porque, em 30 de dezembro de 2022, véspera de encerrar o mandato, o então presidente Jair Bolsonaro viajou para os EUA em avião presidencial – e permaneceu no país até março de 2023, já no governo Lula.


Naquele momento, os EUA exigiam comprovante de vacinação contra a Covid para liberar o acesso de estrangeiros ao país. A defesa de Bolsonaro afirma que, como chefe de Estado, o presidente não precisaria ter apresentado o documento.


No entanto, ainda não se sabe se Bolsonaro, em solo americano, teve de apresentar documentos nesse sentido em algum momento.


Assessores de Bolsonaro usaram documentos falsos

Ainda que Bolsonaro não tenha usado o documento forjado, a PF também apura a conduta de militares que assessoravam o então presidente – e seguiram em sua equipe após o fim do mandato.


É o caso do tenente-coronel Mauro Barbosa Cid e da esposa, Gabriela Cid. E dos militares Max Guilherme Machado de Moura e Sergio Rocha Cordeiro, nomeados seguranças de Bolsonaro para o período pós-presidência.


A PF reuniu provas de que os quatro emitiram certificados falsos de vacinação contra a Covid usando o sistema ConecteSus, do Ministério da Saúde.


Os dados forjados, segundo a investigação, foram inseridos por João Carlos de Sousa Brecha, então secretário de Governo do município de Duque de Caxias.


Em depoimentos à Polícia Federal, Mauro Cid disse que o objetivo da fraude era "ter o cartão falso para uma necessidade qualquer", e "que uma dessas necessidades seriam as viagens".


Gabriela Cid, também em depoimento à PF, disse que apresentou cartão de vacinação contra a Covid ao embarcar para Miami, na Flórida (EUA), em 14 de dezembro de 2022.


A Polícia Federal também incluiu no inquérito mensagens em que Mauro Cid pergunta a Ricardo Camarinha, então médico de Bolsonaro, se a esposa poderia usar um quadro de "sopro no coração" como justificativa médica para não tomar a vacina.


O relatório não indica a resposta de Camarinha, mas aponta que, em seguida, Mauro Cid providencia um certificado forjado para a mulher.


"As mensagens foram enviadas por Mauro Cid cerca de um mês antes das inserções dos dados falsos de vacinação contra a Covid-19 em benefício de Gabriela Santiago Cid, demonstrando que Mauro Cid estava tentando encontrar alguma forma de viabilizar a viagem de sua esposa para os Estados Unidos sem a necessidade de ter o comprovante de vacinação", diz a PF no relatório.

"Como não conseguiu, engendrou o esquema para falsificar os dados de vacinação e emitir o certificado que permitiria Gabriela Santiago Cid cumprir as exigências sanitárias para viajar aos Estados Unidos", prossegue.


Fonte: g1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!