A situação de um paciente internado no Hospital Walfredo Gurgel, em Natal, ganhou repercussão e gerou revolta. O idoso Francisco Quirino da Silva, 82 anos, passou cinco dias com um frasco de amaciante utilizado como um coletor de urina improvisado. O uso do recipiente começou na última sexta (23) até essa quarta-feira (27), quando a Secretaria Estadual da Saúde Pública (Sesap) informou que fez a ampliação de bolsas coletoras para a unidade hospitalar. A pasta classificou o caso como “situação episódica” e disse que trabalha para evitar a repetição do ocorrido.
Francisco Quirino está internado no hospital desde o dia 14 de fevereiro deste ano, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ele passou mais de 30 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e foi encaminhado para o setor de enfermaria na última sexta-feira. Naquele momento, o que poderia ser encarado como um bom sinal foi recebido com preocupação pela filha do paciente, Aurea Medeiros, 50 anos.
“Nós ficamos bem apreensivos porque recebemos muitos relatos que a enfermaria era ‘infernal’ devido à quentura. As pessoas ficam felizes quando saem da UTI. Já nós ficamos arrassados quando soubemos que ele ia sair de lá”, afirmou a filha do idoso. “Na sexta-feira, quando nós chegamos à enfermaria, eu perguntei: moça, é aqui que nós vamos ficar? Ela respondeu que sim. Eu retruquei: nessas condições? E ela reafirmou”, complementou.
As condições mencionadas por Aurea Medeiros eram de remédios apoiados em cordões, mofo em janelas, além de falta de lençóis e climatização adequada. O frasco de amaciante, segundo ela, foi entregue por outra acompanhante de paciente que se encontrava no mesmo estado. O caso ganhou repercussão quando ela fez fotos e vídeos da situação em que o pai se encontrava.
Nessa quarta-feira, Francisco Quirino precisou ser atendido no pronto-socorro e foi encaminhado novamente a um leito de UTI. A família do idoso aguarda que ele seja transferido para outro hospital com atendimento especializado para atendimento cardiológico.
“Graças a Deus, ele desceu da enfermaria, mas os outros ficaram. Eu falo do meu pai, mas eu também penso nos outros que ficaram lá”, relatou a filha Aurea Medeiros.
Ela informou que o pai está debilitado pelo grau de severidade do AVC sofrido e que espera por uma transferência para uma unidade especializada para ele ter o tratamento necessário.
“Ele nos reconhece, conversa com a gente através do aperto da mão, ele olha para gente. A gente faz perguntas e pede para ele piscar o olho, já que ele não consegue falar porque está traqueostomizado. Ele ainda não tem expressão, não sorri porque o AVC não deixa. Mas isso tudo para a gente agora é o mínimo porque o que queremos é manter ele vivo, saudável e confortável. Ali, o problema vai se agravar mais ainda se não houver um cuidado maior, não que seja maior que os outros, mas que seja o cuidado necessário”, disse Aurea Medeiros.
Veja posicionamento da Sesap:
A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) e a direção do Hospital Walfredo Gurgel vem à público para reconhecer a situação veiculada pela imprensa e informar que, ao longo desta quarta-feira (27), realizou uma série de ações para solucionar o caso. A primeira medida foi a ampliação emergencial do estoque de bolsas coletoras, a partir de medidas conjuntas com outras entidades, com o objetivo de atender a demanda da unidade dentro dos próximos dias. A segunda ação foi o reforço na quantidade de suportes de soro, com 20 novos equipamentos encaminhados à unidade para atendimento emergencial. A Sesap e a direção do hospital seguem trabalhando para solucionar as questões, evitando a repetição de uma situação episódica como a que hoje foi apresentada.
Fonte: Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!