A estadia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na embaixada da Hungria em fevereiro, após a determinação da apreensão de seu passaporte, deve ser tratada como uma questão de Justiça. Essa é a avaliação de fontes de dentro do Itamaraty ouvidas pelo blog, que apontam que a chancelaria brasileira "não vai dar corda" para não transformar o episódio em uma crise diplomática.
A revelação de que o ex-presidente ficou "refugiado" durante dois dias na embaixada húngara, depois de ter seu passaporte apreendido, foi do jornal "The New York Times". Segundo investigadores, as circunstâncias serão apuradas pela Polícia Federal.
Apesar da estratégia adotada de não tornar um assunto de Estado, representantes do Ministério de Relações Exteriores e do Palácio do Planalto afirmam que as explicações do embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, sobre a permanência do ex-presidente na Embaixada durante duas noites seguidas em fevereiro foram insuficientes.
O governo brasileiro avalia que o embaixador agiu com o aval de Budapeste, uma vez que o presidente húngaro, Victor Orban, trata Bolsonaro como aliado. “Ninguém faz isso à revelia do governo central”, disse um diplomata graduado ao blog da Julia Duailibi.
➡️ A estadia ocorreu entre os dias 12 e 14 de fevereiro — no dia 8 daquele mês, Bolsonaro havia sido alvo de uma operação da Polícia Federal sobre a suposta tentativa de golpe de estado.
Polícia Federal e STF
Já no âmbito interno, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de 48h para o ex-presidente explicar a estadia. Moraes é relator do inquérito que investiga Bolsonaro, políticos e militares por tentativa de golpe de Estado.
Na prática, pelo direito internacional, como embaixadas são áreas invioláveis, Bolsonaro só poderia ser alcançado por agentes brasileiros, em caso de uma nova operação, com o consentimento do governo húngaro.
Ao Blog da Ana Flor, o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, disse que vai analisar se Bolsonaro cometeu alguma violação imposta pelo STF, já que está com o passaporte retido.
'A convite'
Em nota, a defesa de Bolsonaro confirma que o ex-presidente ficou dois dias hospedado na embaixada, "a convite".
No comunicado divulgado à imprensa, os advogados do ex-presidente disseram que ele "passou dois dias hospedado na embaixada da Hungria em Brasília para manter contatos com autoridades do país amigo" e que, no período, o ex-presidente "conversou com diversas autoridades húngaras "atualizando os cenários políticos das duas nações".
Fonte: Blog da Andréia Sadi
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