O tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), disse em depoimento à Polícia Federal que o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, tentou entregar a ele uma minuta com teor golpista. O militar, no entanto, afirma que se negou a receber o documento.
As declarações constam em depoimento prestado na investigação que apura tentativa de golpe de Estado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O sigilo do documento foi retirado nesta sexta-feira (15) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Aos investigadores, Baptista Jr. narrou uma reunião entre ele, Paulo Sérgio Nogueira e os ex-comandantes da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, e do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes. O encontro ocorreu na sede do Ministério da Defesa, em 14 de dezembro de 2022.
Segundo o ex-comandante, a essa altura, o então presidente Bolsonaro já havia demonstrado aos comandantes da Força intenções golpistas, e tinha apresentado a eles documentos com esse teor. Baptista Jr. e Freire Gomes afirmam que rejeitaram as investidas, já Garnier teria se colocado "à disposição" de Bolsonaro.
No depoimento, o ex-comandante da FAB disse que, durante a reunião, o então ministro da Defesa disse que tinha uma minuta para apresentar aos militares, para "conhecimento e revisão". Baptista Jr. afirma que, nesse momento, perguntou:
"Esse documento prevê a não assunção do cargo pelo novo presidente eleito?"
Segundo o brigadeiro, o ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira ficou calado, e Baptista Jr. diz ter entendido "que haveria uma ordem que impediria a posse do novo governo eleito" e que, diante disso, afirmou a Nogueira que não admitiria sequer receber o documento, e que a FAB não admitiria golpe de Estado.
Ainda de acordo com o depoimento, o general Freire Gomes "expressou que também não concordaria com a possibilidade de analisar o conteúdo da minuta".
Baptista Jr. relatou que, em seguida, saiu da sala e que, enquanto esteve no local, "o almirante Garnier não expressou qualquer reação contrária ao conteúdo da minuta".
Abordagem de Zambelli
O ex-comandante da Aeronáutica também disse que foi abordado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), em dezembro. Segundo o militar, a parlamentar enviou a ele uma mensagem com a seguinte frase: "Brigadeiro, o senhor não pode deixar o Presidente Bolsonaro na mão".
Baptista Jr. diz que respondeu a Zambelli: "Deputada, entendi o que a senhora está falando e não admito que a senhora proponha qualquer ilegalidade".
O ex-comandante disse que reportou o fato a Paulo Sérgio Nogueira, e que ele disse que foi abordado da mesma forma pela deputada.
Em nota enviada à GloboNews, a defesa da deputada afirmou que desconhece os fatos envolvendo a minuta.
Fonte: g1
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