O ex-ministro da Justiça Anderson Torres voltou a negar nesta sexta-feira (15), em nota divulgada pela defesa, que tenha participado de reuniões no governo Jair Bolsonaro "para tratar de quaisquer medidas antidemocráticas".
A nota foi divulgada após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirar o sigilo de 27 depoimentos colhidos pela Polícia Federal no inquérito sobre uma tentativa de golpe de Estado para invalidar as eleições de 2022.
Também em nota, a deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) diz que "desconhece os fatos envolvendo essa minuta" (veja detalhes abaixo).
O ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros de seu governo e militares estão entre os investigados. O nome de Anderson Torres é citado diversas vezes nesses depoimentos.
Advogado de Torres, Eumar Novacki diz na nota que "vai requerer nova oitiva ou eventual acareação, além de outras providências necessárias à elucidação do caso".
"Anderson Torres mantém sua postura cooperativa com as investigações e seu compromisso inegável com a democracia", diz a nota.
Zambelli diz 'desconhecer' minuta
Em nota assinada pela defesa, a deputada Carla Zambelli diz que "desconhece os fatos envolvendo essa minuta, reiterando que igualmente jamais anuiria, pediria ou solicitaria algo irregular, imoral ou ilícito".
A parlamentar é citada no depoimento do Carlos de Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica. Ele diz que foi abordado por Zambelli em uma mensagem com a seguinte frase: "Brigadeiro, o senhor não pode deixar o Presidente Bolsonaro na mão".
A nota dos advogados Daniel Bialski, Bruno Borragine, Daniela Woisky e André Bialski diz que Zambelli "não se recorda desse fato reportado e se, porventura, pediu acolhimento, o fez por causa da derrota nas eleições, apoio que seria perfeitamente plausível naquele momento".
Depoimentos sem sigilo
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes derrubou nesta sexta-feira (15) o sigilo dos depoimentos de militares e civis ouvidos no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado arquitetada durante o governo Jair Bolsonaro.
No despacho, Moraes diz que a decisão foi tomada "diante de inúmeras publicações jornalísticas com informações incompletas sobre os depoimentos prestados à autoridade policial".
As falas dos depoentes eram mantidas em sigilo até esta sexta, mas trechos já tinham sido divulgados pela imprensa. Por exemplo, aqueles em que o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, relatou reuniões em que Bolsonaro teria tratado da chamada "minuta do golpe".
A decisão torna públicos os depoimentos de:
Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República;
Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022;
Valdemar Costa Neto, presidente do PL – partido pelo qual Bolsonaro disputou a reeleição;
Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Bolsonaro;
Carlos Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica;
Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército;
Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro;
general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa;
Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor internacional de Jair Bolsonaro;
Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro apontado como membro do chamado "gabinete do ódio";
general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
Marcelo Costa Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro;
Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército expulso após punições disciplinares;
Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como "mentor intelectual" da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres;
Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército que chegou a ocupar cargo de direção no Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello;
Bernardo Romão Correa Netto, coronel do Exército;
Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário que teria ajudado a montar falso dossiê apontando fraude nas urnas eletrônicas;
Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
Helio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército identificado em trocas de mensagens com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Barbosa Cid;
José Eduardo de Oliveira e Silva, padre da diocese de Osasco;
Laércio Vergílio;
Mario Fernandes, comandante que ocupou cargos na Secretaria-Geral e era tido como homem de confiança de Bolsonaro;
Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel do Exército.
Ronald Ferreira de Araújo Júnior, oficial do Exército;
Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército.
Fonte: g1
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