Para Cezar Bitencourt, advogado de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), "ao vivo e a cores fica muito claro quem dá ordem e como dá ordem" aos militares e ex-ministros investigados pela Polícia Federal por planejarem um golpe de Estado.
Em entrevista ao Estúdio i, nesta sexta-feira (9), Bitencourt disse que o vídeo apreendido pela PF mostra que Bolsonaro era quem dava ordens e que Cid "fez seu papel como secretário".
"O Cid não tem essa capilaridade toda. Todo mundo viu a sessão do Bolsonaro determinando ordens, investigação, faz isso, faz aquilo. O Cid era apenas um secretário. Cumpria ordens e fez o seu papel como secretário [...] Essa reunião do Bolsonaro é extraordinária. Quer prova melhor que isso?", disse.
O vídeo apreendido pela PF é uma gravação de uma reunião da alta cúpula do governo Bolsonaro feita em 5 de julho de 2022. As imagens foram divulgadas pela jornalista Bela Megale, do jornal O Globo.
Na reunião, Bolsonaro disse a ministros que era necessário agir antes das eleições para que o Brasil não virasse "uma grande guerrilha".
Em um dos trechos da reunião, quando se falava sobre auditoria de urnas eletrônicas, o ex-ministro-chefe da Controladoria Geral da União Wagner Rosário interrompeu a própria fala para questionar se estava sendo gravado. Bolsonaro sinalizou que não, mas disse que mandou gravar apenas a própria fala.
A gravação na íntegra da reunião estava sob sigilo, mas se tornou pública nesta sexta após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro ordenou a disseminação de informações fraudulentas para tentar reverter a situação na disputa eleitoral e evitar uma eventual vitória do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A gravação é uma das peças que embasaram a operação da PF —que aconteceu nesta quinta-feira (8)— contra militares e ex-ministros suspeitos de participarem de uma tentativa de golpe de Estado.
A PF encontrou o vídeo no computador de Mauro Cid, que firmou um acordo de delação premiada com a PF, já homologado por Moraes.
A operação
A operação "Tempus Veritatis" foi deflagrada na manhã de quinta-feira (8) contra suspeitos de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.
Segundo a PF, os investigados se uniram para disseminar notícias falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro com objetivo de criar condições para invalidar a vitória de Lula na disputa de 2022.
Os mandados de busca e apreensão atingem:
Valdemar Costa Neto, presidente do PL – partido pelo qual Bolsonaro disputou a reeleição;
Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022;
Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública;
general Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército;
almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha;
general Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado "gabinete do ódio";
Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro;
Marcelo Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro;
Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército.
Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército;
Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército expulso após punições disciplinares;
Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como "mentor intelectual" da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres;
Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército que chegou a ocupar cargo de direção no Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello;
Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário que teria ajudado a montar falso dossiê apontando fraude nas urnas eletrônicas;
Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército identificado em trocas de mensagens com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Barbosa Cid;
José Eduardo de Oliveira e Silva, padre da diocese de Osasco;
Laércio Virgílio;
Mario Fernandes, comandante que ocupou cargos na Secretaria-Geral e era tido como homem de confiança de Bolsonaro;
Ronald Ferreira de Araújo Júnior, oficial do Exército;
e Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército.
Fonte: Blog da Andreia Sadi
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