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quinta-feira, fevereiro 22, 2024

Bolsonaro se cala à PF, Valdemar e Anderson Torres respondem às perguntas



Alguns dos principais envolvidos na suspeita de golpe de Estado — alvo de investigação da Polícia Federal (PF) — adotaram posturas diferentes nos depoimentos desta quinta-feira (22) na sede da PF, em Brasília.


Enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou em silêncio diante dos investigadores, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, respondeu às perguntas. O ex-ministro da Defesa Anderson Torres também teria falado, segundo apuração da GloboNews.


A informação de que o ex-presidente ficou em silêncio foi divulgada pelo advogado Fabio Wajngarten. Bolsonaro ficou menos de meia hora na sede da PF.


Em entrevista, Wajngarten disse que o ex-presidente "nunca foi simpático a qualquer tipo de movimento golpista".


"Esse silêncio [no depoimento] quero deixar claro que não é simplesmente o uso do exercício constitucional do silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos por quais está sendo imputada ao presidente a prática de certos delitos", afirmou o advogado.

Wajngarten disse que a falta de acesso à delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e a mídias obtidas em celulares apreendidos de investigados "impedem que a defesa tenha um mínimo de conhecimento de por quais elementos o presidente é hoje convocado ao depoimento".


Em nota, a defesa do ex-presidente disse ainda que Bolsonaro não abre mão de prestar depoimento, o que fará assim que "seja garantido o acesso" solicitado. "Não sendo demais lembrar que jamais se furtou ao comparecimento perante a autoridade policial quando intimado", diz o comunicado.


A defesa de Valdemar Costa Neto também divulgou uma nota em que confirmou a conversa com os investigadores.


"Respondeu todas as perguntas que lhe foram feitas. A defesa não fará qualquer comentário sobre as investigações", diz um dos trechos do comunicado.


A PF marcou para esta quinta o depoimento de diversos investigados no caso da suspeita da tentativa de golpe.



De acordo com as apurações da polícia, um grupo -- do qual fazia parte o presidente Jair Bolsonaro, militares e políticos --, se articulou para deslegitimar as instituições com informações falsas e reverter o resultado das eleições de 2022, impedindo a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


Foram chamados para prestar depoimentos presencialmente na sede da PF, em Brasília:


Jair Bolsonaro (ex-presidente)

Augusto Heleno (general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional)

Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)

Marcelo Costa Câmara (coronel do Exército)

Mário Fernandes (ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência)

Tércio Arnaud (ex-assessor de Bolsonaro)

Almir Garnier (ex-comandante geral da Marinha)

Valdemar Costa Neto (presidente do PL)

Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)

Cleverson Ney Magalhães (coronel do Exército)

Walter Souza Braga Netto (ex-ministro e ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro)

Bernardo Romão Correia Neto (coronel do Exército)

Bernardo Ferreira de Araújo Júnior.

Ronald Ferreira de Araújo Junior (oficial do Exército)


Os chamaos para depor em outras cidades foram:


Rio de Janeiro: Hélio Ferreira Lima, ⁠Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, ⁠Ailton Gonçalves Moraes de Barros e ⁠Rafael Martins Oliveira;

São Paulo: Amauri Feres Saad e ⁠José Eduardo de Oliveira;

Paraná: Filipe Garcia Martins;

Minas Gerais: Éder Balbino;

Mato Grosso do Sul: Laércio Virgílio;

Espírito Santo: Ângelo Martins Denicoli;

Ceará: Estevam Theophilo (esse depoimento é o único marcado para sexta-feira).

Reunião ministerial

Entre as provas usadas para embasar a investigação está a gravação de uma reunião de Bolsonaro, ministros e militares em julho de 2022, quando ele ainda era presidente.


Segundo a Polícia Federal, o então presidente da República exigiu que seus ministros — "em total desvio de finalidade das funções do cargo" — deveriam promover e replicar, em cada uma de suas respectivas áreas, todas as desinformações e notícias fraudulentas quanto à lisura do sistema de votação, com uso da estrutura do Estado brasileiro para "fins ilícitos e dissociados do interesse público".


Ainda de acordo com o documento da Polícia Federal, na reunião gravada, o então ministro chefe do GSI, general Augusto Heleno, afirmou que conversou com o diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para infiltrar agentes nas campanhas eleitorais, mas adverte do risco de se identificarem os agentes infiltrados.



Nesse momento, Bolsonaro — possivelmente verificando o risco em evidenciar os atos praticados por servidores da Abin, segundo a PF — interrompe a fala do ministro, determinando que ele não prossiga em sua observação, e que posteriormente "conversem em particular" sobre o que a Abin estaria fazendo.


O então ministro do GSI afirmou de forma categórica que deveriam agir contra determinadas instituições e pessoas. E que uma virada de mesa deveria ocorrer antes das eleições.


"Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa, é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições. Depois das eleições, será muito difícil que tenhamos alguma nova perspectiva", diz Heleno.


Em outro momento da reunião, Bolsonaro diz que "o plano B, tem que botar em prática agora


"Só pra gente prestar atenção. [...] A fotografia que pintar no dia 2 de outubro acabou, porra! Quer mais claro do que isso? Nós estamos fazendo a coisa certa, mas o plano B tem que botar em prática agora", afirmou Bolsonaro na ocasião.


Fonte: g1

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