terça-feira, dezembro 05, 2023

Fuzil de policial que matou torcedor em Natal não era para ser usado em acompanhamento de torcidas, diz comandante da PM no RN

Leonardo Lucas Silva de Carvalho, de 26 anos, morreu após sofrer tiro em confusão entre torcidas organizadas em Natal. — Foto: Reprodução

A arma da Polícia Militar de onde saiu o tiro que matou o barbeiro Leonardo Lucas de Carvalho, de 26 anos, durante uma confusão envolvendo torcidas organizadas do ABC e Sport, em Natal, não deveria ser usada em acompanhamento de torcidas.


A declaração foi dada nesta terça-feira (5) pelo comandante-geral da corporação, coronel Alarico Azevedo.


De acordo com ele, o militar deverá ser afastado do trabalho operacional e passar para o trabalho administrativo, enquanto correr o processo na Justiça.


"A arma cujo disparo atingiu o cidadão não é para ser utilizada em acompanhamento de torcidas. Nós temos outras que são menos que letais", reconheceu o comandante da PM.


O caso aconteceu no dia 15 de setembro no bairro Ponta Negra, na Zona Sul da capital, após um jogo entre o ABC e o Sport pela série B do Campeonato Brasileiro. Nesta segunda-feira (4), a Polícia Civil confirmou que concluiu o investigação e que indiciou o policial militar suspeito de atirar na cabeça do torcedor.


Ainda de acordo com Alarico, também há um inquérito sobre o caso dentro da Polícia Militar, que ainda não foi concluído.


"Esse policial foi identificado pela Polícia Civil e vai ser remetido para cá. Não tenho conhecimento sobre quem é, ainda. Assim que chegar, vamos afastá-lo e colocá-lo à disposição da Justiça", disse o comandante-geral.


Laudo

Segundo o comandante da PMRN, o laudo balístico do Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) apontou que o projétil que matou o Leonardo Lucas saiu de um fuzil 5.56. Com a identificação da arma, os investigadores chegaram ao militar suspeito.


Coronel Alarico ainda afirmou que a Polícia Militar realiza o acompanhamento de torcidas organizadas em dias de grandes jogos há muitos anos e que há treinamentos específicos dentro da corporação.


"Nós temos policiais que estão trabalhando muitas vezes na escolta, mais próximo da torcida, e no caminho. São policiais que são orientados da melhor maneira possível. São várias circunstâncias que ocorrem no momento. Nada Justifica o disparo e o óbito do torcedor", declarou.


Apesar disso, o comandante evitou fazer uma análise técnica sobre a conduta do militar indiciado e disse que somente a Justiça e quem estava no local da ocorrência poderão dizer o que de fato aconteceu.


"A gente tem o ser humano trabalhando. O ser humano, muitas vezes, no momento em que acontece, está sob pressão. Nós trabalhamos isso também, mas só pode dizer o que aconteceu quem estava presente e o próprio policial", defendeu.


O caso

A morte de Leonardo Lucas com um tiro na cabeça aconteceu no dia 15 de setembro no bairro de Ponta Negra, na Zona Sul da capital potiguar, após um jogo entre os dois times pela série B do Campeonato Brasileiro.


Novas imagens mostram confusão em Ponta Negra — Foto: Reprodução


Segundo a polícia, por meio da análise de imagens, depoimentos testemunhais e provas periciais, investigadores concluíram que o disparo que causou a morte do torcedor foi oriundo de um fuzil utilizado por um policial militar, que foi indiciado pelo crime de homicídio.


Ainda segundo a polícia, apesar do forte aparato policial montado para o jogo, a torcida organizada local realizou uma emboscada ao comboio de ônibus e vans que transportavam os torcedores visitantes, causando uma batalha campal, com uso de paus, pedras, bombas caseiras e arma de fogo, requisitando intervenção da polícia.


Foi no momento da confusão que o disparo foi efetuado.


Vídeos mostram crime

Registros feitos por câmeras de monitoramento registraram a confusão que terminou com a morte do torcedor Leonardo Lucas Silva de Carvalho.


O torcedor morreu atingido por um tiro no cruzamento da Rua Palestina com a Rua Leonora Armstrong, no bairro Ponta Negra. Os vídeos mostram simultaneamente o que ocorre em cada uma das ruas.


Leonardo trabalhava como barbeiro em seu próprio estabelecimento, era casado e deixou uma filha de dois meses de idade. A vítima morava no bairro Pajuçara, na Zona Norte da capital potiguar.


Fonte: g1

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