Uma dívida de R$ 6 milhões do Governo do Rio Grande do Norte junto aos médicos da Cooperativa Médica do RN (Coopmed) provocou a paralisação parcial dos médicos da cooperativa em diversos hospitais públicos do Estado. Em Natal, a paralisação teve pouco impacto no atendimento do principal centro de urgência e emergência do Rio Grande do Norte, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. A mesma condição foi observada no Hospital Geral Dr. João Machado. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE, visitou, na última quinta-feira (30), as duas unidades e constatou que os atendimentos estavam em andamento.
Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, o diretor da Coopmed-RN, Drº. Luís Eduardo Barbalho, explicou que os repasses estão em atraso desde junho deste ano, resultando na dívida milionária. Ele disse ainda que os profissionais só retomarão suas atividades quando houver uma “sinalização” de pagamento por parte da Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (Sesap). Contudo, as negociações encontram-se estagnadas.
“Estamos falando de um serviço extremante essencial, que é a saúde. Como é que um médico pode cuidar das pessoas se estão sem receber seus salários há meses? São trabalhadores como qualquer um outro. Eles precisam ter o seu pagamento regularizados. Além disso, estamos até fazendo acordos de parcelamentos de atrasados. Qual é a outra profissão onde isso acontece? Isso abre um precedente perigoso, porque as pessoas vão procurar outros setores, como o privado, e vamos ter falta de profissionais para cobrir escalas. Ninguém vai querer dessa maneira” , ressaltou
De acordo com o diretor da Coopmed/RN, os serviços de saúde mais prejudicados nos hospitais regionais serão as cirurgias gerais, vasculares, torácicas, clínica médica e regulação.
“Não paramos em nenhum momento de abrir negociações, temos telefonado para a Sesap, estamos prontos para sentar, esperando uma solução, porque nós, mas do que ninguém, precisamos voltar a trabalhar”, enfatizou Luís Eduardo Barbalho.
Estima-se que a paralisação envolva cerca de 300 a 400 médicos, principalmente, relacionados aos serviços de urgência. A ação não implica no abandono completo dos postos, mas sim, em uma redução no número de profissionais atuando.
“Esse problema se arrasta há anos, mas nesse ano de 2023, nós imaginávamos que tivéssemos uma visualização, um tempo melhor de atenção a saúde, mas isso não está acontecendo. O que a gente sempre pediu nas negociações com o Governo foi um cronograma de pagamento. Chaga-se dia 30, joga-se para o dia 5, depois para o dia 10 e a gente fica sem saber. O Governo alega falta de recursos”, lamentou.
O impasse entre a Coopmed/RN e o Governo do estado tem sido uma ocorrência frequente. No mês de junho passado, a cooperativa anunciou a paralisação do atendimento dos profissionais nos serviços prestados às secretarias de Saúde Pública do Estado (Sesap) e do município de Natal (SMS-Natal). A razão foi a falta de progresso nas negociações referentes aos honorários médicos, que se acumulavam há cinco meses de atraso. Já em maio deste ano, a cooperativa médica anunciou paralisação nos serviços nas escalas de Clínica Médica, Cirurgia Vascular, Cirurgia Torácica e Cirurgia Geral do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. O motivo apresentado foi o atraso de seis meses nos honorários médicos.
Para Luís Eduardo Barbalho, a resolução do impasse poderia ser resolvida com planejamento. “Ao meu ver, falta um planejamento estratégico da gestão. Merecia-se fazer um cronograma de pagamento, pois se eu não posso abrir um serviço, pagar por ele, entendo que não pode ser aberto. Se eu tenho um teto, não posso sair abrindo serviços e contratando pessoas sem conseguir pagar”, pontuou.
Fonte: g1
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