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quinta-feira, dezembro 07, 2023

Apreensão de dinheiro do tráfico de drogas pela PF bate recorde e chega a R$ 2 bilhões em 2023

Agentes da PF durante operação contra o organização criminosa envolvida com tráfico de drogas em setembro de 2023 — Foto: PF/Reprodução

A Polícia Federal apreendeu, de janeiro a novembro deste ano, R$ 2,07 bilhões em bens e valores de grupos criminosos envolvidos com o tráfico de drogas – um recorde na série histórica iniciada em 2014.


Entram na conta: dinheiro vivo encontrado nas operações de busca; e bens, como imóveis e carros, sequestrados e bloqueados por ordem da Justiça.


Os dados são da Coordenação-Geral de Repressão a Drogas, Armas, Crimes contra o Patrimônio e Facções Criminosas (CGPRE), da PF.


Na comparação com 2022, quando foram retirados R$ 635,8 milhões em bens e dinheiro do tráfico de drogas, o total apreendido neste ano é 226% superior.



O valor de R$ 2,07 bilhões apreendido em 2023 supera o Produto Interno Bruto (PIB) de diversos municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, como Gramado (RS) (R$ 2,02 bilhões), Mairiporã (SP) (R$ 1,9 bilhão) e Paraty (RJ) (R$ 1,7 bilhão), conforme dados de 2020 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


R$ 900 mi em uma única operação

Somente na operação Downfall, realizada pelos policiais federais do Paraná em maio deste ano, foram apreendidos mais de R$ 900 milhões, boa parte em imóveis e obras usados por traficantes internacionais para lavar dinheiro.


Na ocasião, após a investigação de um esquema criminoso complexo, a PF cumpriu 30 mandados de prisão e 87 de busca e apreensão no Paraná e em outros sete estados. Essa operação é considerada a maior do ano contra o tráfico de drogas.



Já na manhã desta quinta-feira (7), a PF fez operação para cumprir 13 mandados de prisão temporária e 18 de busca e apreensão contra traficantes que atuam no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.


O grupo é suspeito de enviar drogas para o exterior em bagagens. As apreensões realizadas nesta quinta não foram contabilizadas no balanço divulgado pela PF ao g1.


De um lado, os altos valores retirados do tráfico pela polícia demonstram o tamanho do crime organizado no país. De outro, indicam que a PF tem focado na descapitalização das quadrilhas e na prisão dos líderes, diretrizes que a cúpula da corporação atribui a um "amadurecimento institucional" conquistado ao longo dos últimos dez anos.


Apreensões de cocaína e maconha

Embora as apreensões de bens e valores do tráfico tenham crescido, as apreensões de cocaína e maconha diminuíram, na comparação com os últimos anos (veja no gráfico abaixo).


Mesmo com a queda, segundo os dados da PF, as apreensões de droga se mantêm acima da média da série histórica — e ainda faltam os resultados de dezembro para fechar o total de 2023.


Foco no dinheiro

Chefe da CGPRE, o delegado Júlio Danilo Souza Ferreira, explicou ao g1 que a Polícia Federal tem dado, nos últimos anos, mais ênfase à retirada do dinheiro e de bens das organizações criminosas do que à apreensão de drogas.



"As apreensões são importantes para tirar a droga de circulação. A droga é um ativo importante para a organização criminosa, então ela tem um prejuízo com isso. Mas não focamos simplesmente na apreensão e no transportador", diz o delegado Júlio Danilo Souza Ferreira, chefe da CGPRE.


"O transportador [quando preso] é facilmente substituído, um motorista de caminhão, um piloto de avião. Nós focamos em quem está negociando aquela droga, quem está pagando por ela, quem está obtendo lucro", afirma.

Segundo o delegado Milton Neves, a apreensão da droga, que já foi prioridade no passado, hoje é vista como um complemento de uma investigação em curso ou como o início de uma apuração maior.


"Anos atrás, pegava-se a droga e o transportador, e o trabalho parava por aí. Hoje, não. Essa é apenas uma parte do trabalho. É uma maturidade institucional que vem fortalecendo a questão da descapitalização e da prisão de lideranças", diz.

O montante de R$ 2,07 bilhões de valores e bens apreendidos neste ano não inclui os prejuízos causados às facções criminosas com as drogas retidas no período.


Uma das orientações atuais da PF é não divulgar estimativa de valor das drogas — diferentemente do que era feito no passado, quando policiais calculavam os prejuízos do tráfico pelo preço final dos entorpecentes no mercado, superestimando-os.


Recorde de armas apreendidas

De acordo com os dados da PF, de janeiro a novembro de 2023, a corporação também registrou recorde de apreensão de armas de fogo: 4.244 unidades, mais que o dobro do ano passado (veja gráfico abaixo).


Considerando que se trata de um dado nacional, o número da PF pode não parecer grande. Vale ressaltar que boa parte das armas ilegais é apreendida pelas polícias estaduais — por isso não entra no cálculo da PF.


Na última terça (5), a Polícia Federal realizou uma de suas maiores operações contra o tráfico de armas, envolvendo um grupo suspeito de vender cerca de 43 mil armas para as principais facções brasileiras do Rio e de São Paulo.



A Justiça Federal na Bahia, onde a investigação começou, expediu 25 mandados de prisão preventiva, seis de prisão temporária e 52 de busca e apreensão em três países: Brasil, Estados Unidos e Paraguai — onde estava o principal investigado, o argentino Diego Hernan Dirísio, que fugiu e não foi localizado.


Dirísio é considerado pela PF o maior contrabandista de armas da América do Sul.


Fonte: g1

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