O PL, maior bancada da Câmara, encaminhou à Mesa Diretora da Câmara um pedido para cassar o mandato do deputado André Janones (Avante-MG) após servidores do gabinete do parlamentar o acusarem de fazer rachadinha.
Agora, o pedido será encaminhado à Presidência da Casa e, em seguida, despachado ao Conselho de Ética, que pode transformar a representação em processo.
A rachadinha é uma prática irregular que consiste em um parlamentar exigir que funcionários repassem a ele parte de seus salários. Muitas vezes, são funcionários fantasmas, que nem vão aos gabinetes.
Segundo assessores e ex-assessores do deputado, o esquema no gabinete começou a partir de 2019, quando ele assumiu o primeiro mandato na Câmara.
Segundo esses denunciantes, a prática foi adotada, pelo menos, durante todo o primeiro mandato de Janones (2019-2022). E teria, também, sido adotada pela ex-assessora de André Janones Leandra Guedes na prefeitura de Ituiutaba (MG) – ela foi eleita prefeita do município em 2020 e levou parte dos assessores para compor sua equipe no novo posto.
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam o caso.
Janones e Leandra negam as irregularidades apontadas nas denúncias. "Usaram uma gravação clandestina e criminosa, um áudio retirado de contexto e para tentar me imputar um crime que eu jamais cometi. Aproveito para solicitar que o conteúdo criminosamente gravado seja disponibilizado na integra e não edições manipuladas, postada quase simultaneamente por todas as lideranças de extrema-direita", disse Janones em uma rede social.
Áudio
Em áudio revelado pelo portal "Metrópoles" nesta segunda-feira (27), obtido também pelo g1, Janones se dirige aos seus funcionários do gabinete em reunião em fevereiro de 2019.
A gravação foi feita na primeira reunião da equipe de Janones após assumir a liderança do Avante na Câmara.
Em dado momento, o deputado começa a discursar sobre corrupção, e se compromete a não se “corromper”.
Na sequência, no entanto, diz que “algumas pessoas” presentes à reunião teriam salários mais altos, para que pudessem “ajudar” a recompor o patrimônio perdido por ele nas eleições de 2016 à Prefeitura de Ituiutaba.
Janones diz não achar “justo” que um funcionário recebesse R$ 10 mil líquidos e que ele, R$ 25 mil, mas tivesse que pagar R$ 15 mil mensais em dívidas. Ele nega que o esquema seja uma rachadinha e diz não considerar uma corrupção.
"Não me corromper significa não ceder à corrupção. Tem algumas pessoas aqui, que vou conversar em particular depois, que vão receber um pouco de salário a mais e elas vão me ajudar a pagar as contas que ficou da minha campanha de prefeito, porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. Elas vão ganhar a mais para isso. ‘Ah, isso é devolver salário, e você está chamando de outro nome.’ Não é, porque o devolver salário você manda na minha conta, e eu faço o que eu quiser. Isso são simplesmente pessoas que eu confio e que participaram comigo em 2016, que eu acho que elas entendem que realmente meu patrimônio foi todo dilapidado”, afirmou.
O material deve ser anexado às investigações em curso na PF e no Ministério Público Federal.
Fonte: g1
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