O Profissão Repórter desta terça-feira (21) mostrou os golpes virtuais, que estão em números recorde no Brasil. A equipe destacou criminosos que vendem cartões clonados livremente no Telegram, aplicativo de mensagens instantâneas.
O ponto de partida foi um vídeo nas redes sociais de uma moça dançando com vários cartões. Os comentários falavam sobre a possível venda de cartão clonado, e tinha um comentário específico que direcionava para um grupo de Telegram, e lá um rapaz oferecia: “se você quer ter acesso a um cartão clonado, você pode acessar esse grupo”.
Curiosamente, a repórter Ariane Veiga entrou no grupo e começou a conversar com a pessoa que fazia a divulgação.
“Na hora de você fazer uma compra, lembrando: sempre 4G, nunca wi-fi, porque o wi-fi guarda os registros, ‘beleza’?” – diz a mensagem de voz do criminoso com instruções de uso do cartão clonado.
O vendedor de cartões clonados instrui por mensagem de texto que o comprador tem até 1 semana após a primeira compra para gastar toda a quantia total no cartão antes dele ser bloqueado.
“O envio do cartão virtual em até 1h após a confirmação do pagamento", diz o golpista.
Segundo mensagem de texto dos golpistas, todos os cartões clonados acompanham nome completo, número do cartão, código de segurança (aqueles três dígitos no verso), validade e CPF da vítima. Nos grupos do Telegram também podem ser encontrados comprovantes de PIX com os dados das vítimas, para comprovar a veracidade dos cartões clonados.
O advogado especialista em golpes, José Milagre diz que a plataforma é muito utilizada pelos criminosos.
“É indisfarçado hoje que o crime também está utilizando o Telegram. É lá que são negociadas as informações. Ou seja, se antigamente, nós falávamos em deep web, que são estruturas da web que não são acessíveis por meio convencional. São aplicativos convencionados baixados, grupos são criados e por lá é feito todo o comércio e até mesmo o assédio a essas vítimas, por esses aplicativos que não tem nenhuma regra de investigação, nenhuma regra de exclusão desses grupos, sob uma sensação de anonimato porque os números normalmente, não são identificáveis de primeiro momento e é isso que abastece o crime digital hoje", destaca.
Vítimas são pegas de surpresa
A equipe foi até São Bernardo do Campo no endereço de uma mulher que os dados estavam sendo compartilhados em um grupo do Telegram, que o Profissão Repórter estava infiltrado. A vítima, a comerciante, Suellen Amorim se mostrou surpresa diante da situação.
“Sério? Estranho porque eu não recebi nenhum tipo de cobrança", disse a vítima.
Suellen decidiu checar se estava com o nome sujo e descobriu que não.
A equipe entrou em contato com o Telegram e foi direcionada pelo próprio aplicativo a uma página para falar com um robô. Por esse canal, foram encaminhados os conteúdos que foram encontrados e denunciados na reportagem. E o Telegram deu a seguinte resposta final para a solicitação:
"Todos os links que você enviou já foram bloqueados. Compartilhar informações privadas é uma violação dos termos de serviço do Telegram e os moradores removem ativamente esse conteúdo", informou o Telegram.
Após a notificação do aplicativo, foi possível constatar que as páginas que a equipe denunciou já não estavam mais ativas. No entanto, outras surgiram.
Golpes Brasil: estelionatos e fraudes eletrônicas aumentam
Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública/2023, Em 2018, foram registrados no Brasil cerca de 426 mil de golpes. No ano passado, foram mais de 1,8 milhão, um crescimento de 326% em 5 anos.
Os casos de fraude por meio eletrônico cresceram quase 70% entre 2021 e 2022. Em São Paulo, o advogado José Milagre criou um grupo para investigar esse tipo de crime.
"A gente recebe em média 50, 60 demandas pelo nosso atendimento, a maioria envolve golpe financeiro, dentre eles, a fraude eletrônica e o estelionato. Então, nós temos hoje golpes ligados a PIX, ligados a falso intermediário. Gente que perdeu cerca de R$ 26 mil, R$ 5 mil", destaca o advogado.
Jorge ainda dá orientações para vítimas que possam ter seus dados divulgados pelos criminosos.
"É importante que aquelas pessoas que realmente não participaram registrem ocorrência demonstrando que tiveram conhecimento dessa informação. Procuram até instituição financeira para identificar se abriram uma conta ou se só usaram os dados em print".
Fonte: g1
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