O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (21), em discurso, que não precisa "gostar" dos presidentes dos países da região, mas sim, sentar na mesa com eles em busca de acordos.
Lula deu a declaração dois dias após o economista ultraliberal Javier Milei – que critica o Mercosul e deu declarações ofensivas a Lula nos últimos meses – vencer as eleições presidenciais na Argentina, no domingo (19).
O presidente brasileiro não citou Milei nominalmente, mas disse que não precisa gostar "do presidente do Chile, da Argentina, da Venezuela". Desses, apenas o argentino é de corrente ideológica oposta à de Lula.
"Nós estamos vivendo algumas confusões na América do Sul. Não é mais mesma de 2002, de 2004, 2006. Nós vamos ter problemas politicos. E, ao invés de reclamar dos problemas políticos, nós temos que ser inteligentes e tentar resolvê-los, tentar conversar. Tentar fazer com que as pessoas aprendam a conviver democraticamente na adversidade", declarou.
"Eu não tenho que gostar do presidente do Chile, da Argentina, da Venezuela. Ele não tem que ser meu amigo. Ele tem que ser presidente do país dele, eu tenho que ser presidente do meu país. Nós temos que ter política de Estado brasileira e ele do Estado dele. Nós temos que nos sentar na mesa, cada um defendendo os seus interesses. Não pode ter supremacia de um sobre o outro, a gente tem que chegar a um acordo. Essa é a arte da democracia. A gente tem que chegar a um acordo", disse Lula.
Lula deu as declarações em um discurso na cerimônia de formatura de novos diplomatas no Instituto Rio Branco – escola de formação do Ministério das Relações Exteriores.
No discurso, Lula relembrou de mandatos anteriores e citou a importância da relação com a Argentina e demais vizinhos do continente.
"A Argentina é um país parceiro, Brasil tem uma relação extraordinária com a Argentina, foi o primeiro país que eu visitei para dar demonstração em 2003 que a gente ia ter uma forte política para América do Sul", disse.
Os primeiros mandatos de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff no Brasil, de 2003 a 2016, coincidiram com os mandatos na Argentina de Néstor Kirchner e da mulher, Cristina Kirchner.
O casal, que "fundou" uma linha política conhecida no país como "kirchnerismo", é vinculado à corrente chamada de "peronismo", marcada por governos populistas, de ampla ação estatal e muito ligados a sindicatos – características próximas às dos governos petistas.
Javier Milei, por sua vez, venceu as eleições deste ano com discurso oposto, de viés ultraliberal e defensor do Estado mínimo. O presidente eleito já anunciou, por exemplo, que pretende privatizar empresas de comunicação e petróleo que hoje pertencem ao governo argentino.
Fonte: g1
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