A vereadora de Natal Brisa Bracchi (PT) recebeu uma ameça de "estupro corretivo" no e-mail do mandato dela na Câmara Municipal de Natal (CMN). A parlamentar expôs a situação em sessão ordinária no plenário da Casa Legislativa nesta quarta-feira (11) e informou que vai registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil para investigação do caso na sexta (13).
O relato de parte do conteúdo do e-mail foi feito no plenário (veja vídeo acima).
Segundo a vereadora, o e-mail foi enviado com um nome falso e de uma plataforma de e-mails anônimos, o que impossibilitou identificar a autoria imediatamente. Brisa disse ainda que informou a ameaça ao presidente Câmara para pedir reforço na segurança da Casa Legislativa.
A vereadora informou que parlamentares de outros estados também receberam a mesma ameaça e, por isso, vai buscar diálogo junto ao Ministério da Justiça para que a Polícia Federal também investigue o caso, além da Polícia Civil do Rio Grande do Norte.
"Queria nesse momento repudiar, mas dizer que nós vamos até o fim para que esse canalha, esse criminoso, seja responsabilizado", disse a vereadora no plenário.
Em agosto, a vereadora do Rio de Janeiro Mônica Benício (RJ) também recebeu um e-mail semelhante. Em setembro, a vereadora de Belém (PA) Bia Caminha foi outra que recebeu conteúdo similar. As vereadoras de Belo Horizonte Cida Falabella e Iza Lourença também receberam o texto do 'estupro corretivo' em agosto. A deputada estadual por Pernambuco Rosa Amorim também recebeu o conteúdo.
Após ler parte do e-mail em plenário, a vereadora Brisa Bracchi recebeu a solidariedade de outros parlamentares.
"Nós, o conjunto de todo nós, temos uma responsabilidade de proteger quem está aqui e dizer que, indiferente das nossas posições políticas, independente das nossas adversidades, esse lugar precisa ser respeitado e qualquer pessoa que estiver aqui precisa ser respeitada", disse Brisa.
'Estupro corretivo'
O e-mail de ameaça recebido pela vereadora Brisa Bracchi (PT), que é abertamente bissexual, tinha o título de: "O estupro cura lésbicas e bissexuais e eu posso provar".
A vereadora expôs o e-mail no plenário, no qual ela reforçou que compartilha "com dor, mas também com o compromisso de que isso não me tira da luta".
O texto descreve uma cena de violência sexual, segundo a vereadora, e diz que um estudo teria comprovado "que o lesbianismo é uma doença que pode ser curada com a terapia alternativa" que é descrita.
A cena, que foi relatada por ela no plenário, cita a mulher nua, de pulsos amarrados, com cordas ou algemas plásticas. "Toda uma descrição de uma violência sexual que eu inclusive lamento ter que estar aqui lendo e descrevendo. Essa ameaça é uma ameaça criminosa", reforçou.
O autor do e-mail diz, no fim, que tem o endereço da vereadora e a questiona se pode demonstrar "o estupro corretivo" para ela.
"Não é a primeira vez que a gente fala da questão da violência à política de gênero, mas nunca, nem de perto, tinha chegado a uma situação tão grave", disse.
"É uma ameaça contra uma mulher, contra uma pessoa, mas também para tentar nos paralisar, dizer que nós não devemos estar nesse espaço , que esse espaço não é nosso. Que eu preciso ser curada, com agressão sexual, com talvez um dos tipos mais repugnantes, mais nojentos de violência. Uma dessas violências que a gente reza que nenhuma mulher que a gente conheça passe por uma situação como vem sendo descrita", completou.
Fonte: g1
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