Algumas das fotos do eclipse solar anular que mais chamaram atenção do público foram as publicadas pelo surfista potiguar Italo Ferreira. Os cliques do campeão olímpico exigiram a escolha de uma montanha após 20 visitadas, estudo da angulação e distância da câmera, além do talento do fotógrafo Marcelo Maragni.
Em publicações nas redes sociais, Italo Ferreira contou um pouco dos bastidores das fotos, que alguns internautas chegaram a achar que eram falsas.
O ponto escolhido para o ensaio fotográfico foi o alto de uma montanha em Monte das Gameleiras, cidade no interior do Rio Grande do Norte, e não em Baía Formosa, onde Italo Ferreira nasceu e mora.
"Essa foto é real, não é montagem. O Maragni, fotógrafo da Red Bull, trabalhou nesse projeto quatro meses e ele teve apenas de 4 a 5 segundos para executar essa foto, que realmente foi uma foto que chocou a internet e chocou o mundo inteiro", disse Italo.
"Eu fiquei muito feliz de fazer parte desse projeto. Teve os imprevistos ali no momento, mas realmente a gente chegou na foto perfeita", completou.
Cinco anos antes
Ao g1, o fotógrafo Marcelo Maragni contou que começou a pensar a foto há cerca de cinco anos, quando soube da previsão do eclipse. "Eu comecei a estudar sobre o eclipse, encontrei na internet as informações detalhadas de localização, horário, inclinação, essas coisas todas", contou.
Ao saber da vista privilegiada do RN, convidou Ítalo Ferreira, potiguar de Baía Formosa, para ser o personagem do ensaio. "Vi que o eclipse ia passar por cima de Baía Formosa. E pensei: 'Ninguém melhor que Ítalo Ferreira para estar nessa foto'. E fui atrás, falei com ele no começo desse ano. Ele topou na hora".
Baía Formosa, no entanto, não proporcionou o ponto ideal para a imagem. E o fotógrafo desbravou algumas serras do estado, como Serra de São Bento e até Araruna, na Paraíba.
"É uma condição muito específica para eu conseguir fazer essa foto. Eu precisava de uma montanha e uma distância grande do ponto onde eu ia ficar, além de uma inclinação precisa para poder conseguir fazer a foto dele aparecendo exatamente no momento certo em que se formava o anel do eclipse", disse.
Dois dias antes, ele foi até o ponto fazer o teste com o "sol normal, para saber se ia bater certinho as minhas medições". "E deu super certo o teste. E na hora também funcionou", disse.
No vídeo divulgado por Italo, Maragnicomenta que "para encontrar o local, eu procurei uma montanha onde eu conseguiria colocar o Italo na montanha e ficar numa distância em que eu conseguiria o sol grande e o Italo relativamente pequeno. E o ângulo certo no momento em que acontece o eclipse".
A montanha escolhida tinha cerca de 650 metros de altura e ventava bastante, o que fez ser necessário Italo segurar com firmeza a prancha. Maragni disse que subiu cerca de 20 montanhas diferentes para encontrar o lugar perfeito.
"A inclinação entre a minha câmera e ele foi de sete graus no horizonte, que era onde iria acontecer esse eclipse", disse Maragni.
Dentro do eclipse
Marcelo Maragni contou ao g1 que a ideia desde o início era colocar Italo "dentro" do eclipse. Mas ele revela que tentou também fazer com que o surfista aparecesse mais claramente na imagem, o que não foi possível.
"Essa foi a ideia desde começo. E eu queria, na verdade iluminá-lo, para aparecer mais o rosto dele. Eu levei uns espelhos para cima da pedra, tentamos iluminar, mas não funcionou. Não foi suficiente o reflexo da luz para iluminar. Tentamos esse recurso que acabou não dando certo, mas ficou a silhueta dele e já ficou legal pra caramba, já deu certo do jeito que a gente queria", disse.
Sobre a repercussão, ele diz que não esperava o tamanho que tomou, mas que a imagem e a notoriedade de Italo ajudaram.
"Eu me preparei, touxe uma coisa que ninguem conseguiu. Acho que por isso que teve uma repercussão tão grande. Acho que também o fato de ser o Ítalo Ferreira, um campeão olímpico, tem uma grande relevância", disse.
Natal foi a capital brasileira com a melhor visualização do eclipse solar anular. No estado, no entanto, Caicó, na Região Seridó, tinha ainda uma melhor vista do fenômeno.
Fonte: g1
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