quarta-feira, outubro 18, 2023

Entenda o que é aquartelamento, medida tomada pelo Exército em casos graves como o do furto das 21 metralhadoras em SP

Cerca de 480 militares foram 'aquartelados' depois que 21 metralhadoras foram furtadas do Exército em Barueri, Grande São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo e Exército brasileiro

Termo comum na gramática militar, o aquartelamento ganhou repercussão nacional após o Exército impedir 480 militares de saírem do quartel de Barueri, na Grande São Paulo, onde 21 metralhadoras foram furtadas.


No final da tarde desta terça-feira (18), após uma semana retidos, 320 militares foram liberados. Os outros 160, entretanto, continuam "aquartelados".


A medida é usada em caso graves e foi tomada, segundo o Exército, para que os militares sejam ouvidos na investigação que tenta localizar e recuperar as 13 metralhadoras calibre .50, e das oito metralhadoras calibre 7,62 que despareceram no último dia 10 de outubro do Arsenal de Guerra da cidade.



Quem está retido no quartel são soldados, cabos, sargentos, tenentes, capitães, majores e coronéis. Eles tiveram celulares confiscados por seus superiores hierárquicos, segundo fontes da reportagem.


Embora não possam voltar para casa, o Exército sustenta que os militares "aquartelados" não estão presos, detidos ou são investigados. Eles estão retidos para prestar depoimento e colaborar com as investigações.


Todos eles permanecem no quartel em atividades de rotina. Durante uma semana, familiares dos militares têm ido na frente do Arsenal de Guerra buscar informações sobre seus parentes.


O contato com eles está sendo feito por meio de um representante do Exército.


Inquérito

Parte deles, 35 militares, já foi ouvida no Inquérito Policial Militar (IPM) da corporação sobre o furto.


A apuração sobre o furto das metralhadoras é interna é feita exclusivamente pelo Comando Militar do Sudeste (CMSE), na capital paulista, e o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), com sede em Brasília. A principal suspeita é de que militares possam estar envolvidos no sumiço das armas. Até o momento não há registro de que a base tenha sido invadida por criminosos externos.


"Acerca da apuração do caso em tela, o Comando Militar do Sudeste (CMSE) informa que no dia 17 de outubro de 2023, o Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP) passou da situação do estado de prontidão para sobreaviso, o que significa uma redução do efetivo da tropa aquartelada. A investigação segue em curso e está sob sigilo. Temos total interesse em informar e enviaremos as atualizações do caso quando for oportuno", informa nota divulgada pela assessoria de imprensa do Exército.

Fontes do g1 avaliam se o furto das metralhadoras ocorreu por alguma falha da segurança do Arsenal de Guerra. E se elas saíram da base dentro de caminhões do Exército, entre setembro e outubro.


Segundo o Exército, as armas furtadas eram "inservíveis", não estariam funcionando e passariam por manutenção.


E apesar de o CMSE e o DCT não terem acionado as forças de segurança do Estado para ajudar nas investigações, a Polícia Civil e a Polícia Militar (PM) informaram que estão tentando procurar o armamento do lado de fora do quartel. Para isso, analisam câmeras de monitoramento de Barueri e realizam operações na região.


Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública (SSP), ficou preocupado com o desaparecimento do arsenal. Ele chegou a dizer que o furto pode ter "consequências catastróficas" se as metralhadoras forem usadas pelo crime organizado.


As armas de guerra que sumiram do Exército em Barueri podem derrubar aeronaves, perfurar veículos blindados, disparam 600 tiros por minuto, em média, e são capazes de atingir alvos entre 2,5 quilômetros e 6 quilômetros de distância.



Até a última atualização desta reportagem, nenhum suspeito havia sido identificado ou preso. E nenhuma das metralhadoras havia sido recuperada. Ainda não há confirmação se criminosos entraram na base ou se alguma câmera gravou a retirada das armas do local.


Maior desvio de armas


Segundo o Instituto Sou da Paz, este foi o maior desvio de armas de uma base do Exército brasileiro desde 2009, quando sete fuzis foram roubados por criminosos de um batalhão em Caçapava, interior de São Paulo. Naquela ocasião, a polícia paulista recuperou todas as armas e prendeu suspeitos pelo crime, entre eles um militar.



Agentes das forças de segurança do estado analisam ainda câmeras de monitoramento de Barueri para saber se elas gravaram alguma pessoa ou algum veículo suspeito de transportar as armas do quartel.


Fonte: g1

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