Mesmo sem territórios oficiais, o Rio Grande do Norte conta com uma população de mais de 11 mil indígenas, segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No estado, nove municípios concentram 80% das pessoas que se declararam indígenas aos recenseadores, no ano passado.
Os dados do estudo relacionados à população indígena brasileira foram divulgados nesta segunda-feira (7) pelo órgão.
Segundo o IBGE, foram contadas 11.725 pessoas indígenas distribuídas em 5.539 domicílios particulares permanentes ocupados com pelo menos um morador indígena.
Esse número de moradores indígenas no estado representa 0,36% da população residente no Rio Grande do Norte. Com isso, o estado ficou na 17ª posição entre as unidades federativas com maior proporção de pessoas indígenas na população.
Crescimento
Em 2010, o IBGE havia contado 2.597 pessoas indígenas no RN, o que correspondia a 0,08% da população residente no estado. Com isso, a população autodeclarada indígena mais que dobrou em 12 anos, com variação positiva de aproximadamente 350%.
No entanto, o órgão considerou que a comparação com o dado de população indígena de 2010 precisa de alguns cuidados metodológicos e a variação de população entre os censos não pode ser explicada exclusivamente pelo crescimento demográfico.
João Câmara
A distribuição da população indígena pelo Rio Grande do Norte, que em 2010 se espalhava por 99 municípios, em 2022 apontou para 121 municípios potiguares com residentes indígenas.
Nove deles concentraram 80% de toda população indígena residente no estado da data de referência do Censo 2022. São eles:
João Câmara (20,6%),
Natal (15,3%),
Macaíba (10,1%),
Ceará-Mirim (9,1%),
Canguaretama (6,3%),
Apodi (6,2%),
Baía Formosa (4,8 %),
Goianinha (4,4%)
São Gonçalo do Amarante (3,5%).
Em valores absolutos, João Câmara é o município com a maior quantidade de população indígena do estado (2.421 pessoas indígenas), o que corresponde a 7,27% da sua população indígena recenseada.
Natal é o município que apresenta o segundo quantitativo mais elevado de população autodeclarada indígena, concentrando 1.798 pessoas, seguido de Macaíba com 1.179 pessoas e de Ceará-Mirim com 1064 pessoas.
Embora não apareçam nas maiores posições no ranking de quantitativos absolutos de população indígena, os municípios de Baía Formosa, Jardim de Angicos e Canguaretama se destacaram como municípios com os maiores percentuais de pessoas indígenas no total de sua população residente, com 6,32%, 4,19% e 2,49% respectivamente, logo após de João Câmara (7,27%).
20 municípios potiguares com mais indígenas no Censo 2022
Município | Pessoas indígenas (Pessoas) | Percentual de pessoas indígenas no total da população residente (%) |
João Câmara (RN) | 2421 | 7,27 |
Natal (RN) | 1798 | 0,24 |
Macaíba (RN) | 1179 | 1,43 |
Ceará-Mirim (RN) | 1064 | 1,34 |
Canguaretama (RN) | 739 | 2,49 |
Apodi (RN) | 731 | 2,03 |
Baía Formosa (RN) | 558 | 6,32 |
Goianinha (RN) | 520 | 1,94 |
São Gonçalo do Amarante (RN) | 409 | 0,35 |
Parnamirim (RN) | 343 | 0,14 |
Mossoró (RN) | 296 | 0,11 |
Açu (RN) | 135 | 0,24 |
Extremoz (RN) | 109 | 0,18 |
Jardim de Angicos (RN) | 102 | 4,19 |
São José de Mipibu (RN) | 69 | 0,15 |
Ouro Branco (RN) | 68 | 1,38 |
Tibau do Sul (RN) | 67 | 0,4 |
Rio do Fogo (RN) | 62 | 0,6 |
Nísia Floresta (RN) | 60 | 0,19 |
Do universo de 1,1 milhão de domicílios particulares permanentes ocupados recenseados no Rio Grande do Norte, 5.539 têm pelo menos um morador indígena, correspondendo a 0,49% dos domicílios no estado, segundo o IBGE.
A média de moradores em domicílios particulares ocupados onde reside pelo menos uma pessoa indígena é de 3,13 para o RN, um pouco acima da média nacional que foi de 2,67. Este valor também está acima da média de moradores em domicílios particulares ocupados no país, que é de 2,79 pessoas e de 2,88 para o RN.
Ainda segundo o IBGE, são indígenas 66,85% dos moradores em domicílios particulares ocupados no RN onde reside pelo menos uma pessoa indígena, ou seja, a população indígena do RN reside em domicílios com mais heterogeneidade étnica entre os moradores.
Pesquisa
De acordo com o IBGE, os resultados do Censo Demográfico 2022 privilegiam as informações geográficas e estatísticas das pessoas indígenas residentes no país, independentemente do quesito utilizado para afirmar seu pertencimento étnico indígena. Desde 1991, os povos indígenas do país passaram a ser sistematicamente investigados pelo IBGE, nos censos demográficos, com base na identificação dos respondentes que se classificam como “indígena” na pergunta sobre “cor ou raça".
A partir do Censo Demográfico de 2010 a pergunta passou a constar do questionário. Enquanto em 2010 ela era restrita às Terras Indígenas, em 2022 essa pergunta de cobertura foi realizada à população residente do conjunto de localidades indígenas representadas pelo IBGE na cartografia censitária de base para o censo, mantendo-se a regra de abertura: aquelas pessoas que, no quesito cor ou raça, não se declarassem indígenas respondiam à pergunta de cobertura "Você se considera indígena?".
Fonte: g1
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