O Profissão Repórter desta terça-feira (22) foi até Natal, no campo de futebol do Botafogo do Rio Grande do Norte, cercado por uma das áreas mais nobres da cidade, a Praia de Ponta Negra. O local tem sido o palco de torneios de várzea desde 1951.
Os repórteres Thiago Jock e Julia Sena acompanharam o dia em que 10 times entraram em campo, incluindo o Botafogo de Natal e o Treme Terra. O prêmio para a equipe vencedora é nada menos que cervejas. A torcida mesmo já começa a consumir as bebidas antes mesmo do início da partida, embora garantam que os jogadores só bebem após o jogo.
A vitória do Botafogo de Natal por 1 a 0 contou com um jogador confiante. XX - precisa colocar o nome do jogador - jogou na de base do América de Natal, um clube da Série C, e hoje se divide entre o campo e a venda de açaí.
“A gente já foi campeão inúmeras vezes, umas 4 vezes. É normal a gente ganhar. Mas eu sou jogador profissional, estou com uma lesão grave e tive que fazer uma cirurgia”, diz o jogador.
O craque do time Botafogo de Natal, assim como outros os jogadores da comunidade, estão preocupados com a possível perda do campo, que enfrenta uma disputa judicial após uma imobiliária afirmar ter a posse da área com base em um registro obtido em um cartório no Recife, a quase 300 km de distância.
“Se tirarem o nosso campo, nosso único equipamento aqui de lazer, vai acabar com a comunidade”, disse o jogador", destaca Benhur dos Santos, morador da Vila e jogador de futebol.
A imobiliária ganhou o processo em 1ª e 2ª instância e o Botafogo de Natal vai recorrer no Superior Tribunal de Justiça.
José Alves ou Luxemburgo?
Foi no campo de futebol do Botafogo do Rio Grande do Norte que a reportagem também conheceu treinador José Alves de Moura. O estilo do treinador do "Portelinha" lembra Vanderlei Luxemburgo.
A estratégia de José começa na distribuição de doces para os jogadores: “Essa galera que vai jogar, é um para cada um porquê faz bem quando está correndo por alguma coisa na língua. Eu quero jogo honesto, eu quero jogo sem falta”, ressalta aos jogadores.
No campeonato disputado no bota fogo de Natal são dois tempos de 10 minutos. José corre com o time. O técnico é mais um defensor do campo diante da especulação imobiliária.
“E aquele que precisa de maior riqueza, prédios e prédios, casas e casas. Deixa para os meninos que querem tirar daqui. Então isso aqui já é um futuro bom, 30 minutos aqui com o pai e a mãe vendo já é emoção", pontua José.
O que diz a imobiliária?
No endereço da imobiliária que consta na internet, a equipe de reportagem encontrou apenas um terreno baldio. Segundo moradores da região, a empresa fechou no local há mais de 10 anos.
A reportagem procurou, também, os donos da empresa num suposto novo endereço da imobiliária, mas ninguém apareceu. No entanto, o advogado dos responsáveis entrou em contato com o Profissão Repórter e questionou a reportagem: “Num processo judicial, ir pra mídia? Não gosto desses procedimentos”.
Fonte: g1
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