O número de presentes de valor alto recebidos pelo então presidente Jair Bolsonaro de autoridades estrangeiras é maior do que se sabia até agora. Foram pelo menos 18, segundo a Polícia Federal.
A lista de presentes recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro está em um documento de 1.909 páginas. O inventário, ao qual o Jornal Nacional teve acesso, foi organizado pelo então Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência da República. A lista está anexada ao inquérito aberto pela Polícia Federal em São Paulo para investigar as joias que o governo da Arábia Saudita entregou ao ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque.
A relação completa de presentes traz detalhes sobre 9.158 itens que Jair Bolsonaro ganhou durante os quatro anos de mandato. São itens variados, que vão desde bonés e camisetas a objetos de valores altos, como relógios, joias e esculturas.
Também aparecem objetos que, segundo a própria lista, foram solicitados por Bolsonaro antes de passar pelo GADH, o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica - setor que determina o destino de cada presente. Entre eles estão facas, taças e uma caneta da marca Mont Blanc, edição especial Walt Disney.
Depois de analisar toda a listagem, os investigadores pediram explicações ao gabinete sobre 18 itens considerados de maior valor. As respostas à Polícia Federal estão em um ofício assinado por Cláudio Soares Rocha, atual diretor de Documentação Histórica do Palácio do Planalto.
Dez itens foram devolvidos ao Estado brasileiro em março. Entre eles, o relógio Rolex com diamantes e dois conjuntos de joias: um em ouro branco e outro em ouro rosé. Algumas peças têm diamantes. A Polícia Federal concluiu que esses itens foram colocados à venda nos Estados Unidos e recuperados depois que o Tribunal de Contas da União deu ordem para que fossem devolvidos.
No inventário, aparecem 45 relógios, dos mais diferentes valores, que Jair Bolsonaro recebeu de presente durante o mandato. Mas um outro relógio, da marca Patek Philippe, não está nessa relação oficial. Segundo a Polícia Federal, a peça foi dada ao então presidente durante uma viagem ao Bahrein.
Os investigadores souberam da existência do relógio de luxo em mensagens no celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. A Polícia Federal afirma que a peça também foi colocada à venda nos Estados Unidos e, agora, quer descobrir onde o presente foi parar.
A lista revela, ainda, que cinco dos 18 itens considerados valiosos pela Polícia Federal estariam guardados em uma fazenda do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet, em Brasília. Faz parte deste acervo um relógio de mesa confeccionado em prata de lei com banho de ouro, cravejado de diamantes, esmeraldas e rubis, que Jair Bolsonaro recebeu dos Emirados Árabes Unidos; e também uma escultura de barco, que, segundo a Polícia Federal, Bolsonaro levou para os Estados Unidos na véspera do fim do mandato em 2022.
Mensagens obtidas pela PF mostraram que Mauro Cid também tentou vender essa peça em uma loja de itens de luxo em Miami, mas desistiu porque a obra valeria menos do que ele imaginava.
Dos 18 presentes que a PF considerou de alto valor, apenas três já tinham sido incorporados ao patrimônio público, antes mesmo da determinação do TCU:
uma escultura de metal feita em prata, banhada a ouro e com detalhes em esmeralda, avaliada em R$ 100 mil;
um relógio de mesa em prata, com partes banhadas a ouro, recebido em uma cerimônia no Catar em novembro de 2021, com valor estimado em quase R$ 98 mil;
e uma miniatura de capacete de samurai, recebido do primeiro ministro do Japão, no dia da posse de Bolsonaro, avaliada em R$ 20 mil.
Com exceção desses três itens, a diretoria de Documentação Histórica da Presidência da República disse que os outros presentes - considerados de alto valor pela Polícia Federal - foram para o acervo privado de Jair Bolsonaro. Ainda segundo o setor de documentação, não foram identificados documentos que expliquem o que motivou essa decisão.
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro disse que vai verificar se os presentes citados pela Polícia Federal estão mesmo no depósito na fazenda de Nelson Piquet. Os advogados afirmaram que desconhecem a existência do relógio de luxo Patek Philippe.
Fonte: Jornal Naional
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