terça-feira, agosto 29, 2023

Apagão foi desencadeado por falha de equipamentos em usinas, diz diretor do ONS


O apagão nacional do último dia 15 foi causado pelo atraso no tempo de resposta de equipamentos em usinas de energia, afirmou o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, nesta terça-feira (29).


Segundo Ciocchi, essa falha deu origem a uma "série de outros pequenos eventos" que, na prática, levaram a uma desconexão do sistema integrado.


"A grande pista que foi discutida com técnicos, engenheiros e professores do setor é que aí está a causa de uma série de outros pequenos eventos que levaram à desconexão", declarou em audiência na Câmara dos Deputados.


Os equipamentos em questão são reguladores de tensão, responsáveis por manter a constância do fornecimento. Segundo Ciocchi, o aparelho deveria ter um tempo de resposta de cerca de 15 a 20 milissegundos, mas o tempo foi maior, de 50 a 100 milissegundos.


"Não é que foi falha de informação [prestada pela empresa]. É que o [equipamento] testado, quando em funcionamento, não apresentou o desempenho exigido", declarou.


Como resultado, as 26 unidades da Federação que compõem essa rede interligada passaram por instabilidade e queda de energia. A exceção foi Roraima, que ainda não está no Sistema Interligado Nacional e, por isso, passou ilesa pela pane elétrica.


Ainda no dia do apagão, o ONS já havia informado que o desligamento que atingiu as regiões Sudeste e Sul do país tinha sido uma "ação controlada" – ou seja, proposital – em resposta a uma falha identificada na região Nordeste.



Ou seja: o sistema tinha sido desarmado para evitar que um problema pontual se propagasse e acabasse danificando equipamentos por sobrecarga, por exemplo.


O apagão incluiu uma "separação elétrica" – na prática, foi como se as regiões Norte e Nordeste do país tivessem se desconectado das regiões Sul e Sudeste. Pelo menos 16 mil megawatts (MW) foram afetados.


Dessa forma, o Brasil foi separado em três regiões para evitar um "efeito dominó" no sistema de transmissão. Depois, o consumo foi desligado para reequilibrar o fornecimento de energia --uma que vez que o Nordeste, exportador de energia para as outras regiões, foi isolado.



Pelo menos 16 mil megawatts (MW) foram afetados. Isso representa 27% do consumo nacional de energia naquele momento.


Múltiplas investigações

No dia do apagão, em 15 de agosto, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, acionou o Ministério da Justiça, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para apurar o incidente.


Nesta terça-feira (29), Silveira afirmou que contatou as instituições porque havia recebido do ONS a informação de que "não havia nada objetivo que pudesse apontar questão técnica para a falha".


Fonte: g1

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