O empresário Roberto Mantovani Filho, apontado como suspeito de agressões ao ministro Alexandre de Moraes e seu filho no Aeroporto de Roma, usou a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para sua campanha para a prefeitura de Santa Bárbara d'Oeste (SP), em 2004. Mantovani foi candidato pelo PL, mas perdeu as eleições. O vice na chapa, Luis Vanderlei Larguesa, do PT, foi seu parceiro na disputa municipal.
Mantovani Filho e a esposa, Andreia Mantovani, são investigados pela Polícia Federal por terem agredido o filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no Aeroporto de Roma, no fim de semana. Em depoimento na manhã desta terça-feira (18), eles negaram as agressões. O empresário, segundo a defesa, admitiu ter "afastado com o braço" o filho do ministro para defender a esposa.
O empresário de 71 anos é considerado influente nos negócios no interior paulista. Na década de 1980, abriu uma empresa de perfuração de poços artesianos e depois uma empresa de bombas para indústria. Também é conhecido nos esportes da região, após ter ocupado o cargo de presidente do time União Barbarense, entre 1998 e 2001.
Mantovani é atuante na política e se lançou candidato a prefeito de Santa Bárbara D'Oeste em 2004. Em uma peça de campanha da época, Mantovani aparece em uma charge com Lula, em um aperto de mãos. Na ilustração, Lula faz o número dois com os dedos, em referência ao número das urnas de Mantovani: 22. Na legenda, a charge diz: "com Mantovani, o presidente Lula apoia Santa Bárbara".
Em outra foto usada pela chapa em 2004, o candidato aparece em uma foto com o presidente Lula e seu vice, Luis Vanderlei Larguesa, do PT. Abaixo, o texto diz que no dia 3 de outubro “teremos a oportunidade de eleger um prefeito cuja coligação está em perfeita sintonia com o governo federal (PT/PL em Brasília e PT/PL em Santa Barbara) e isso quer dizer que essa afinidade vai alcançar em muito, mas muito mesmo, o desenvolvimento de nossa cidade”.
Em 2003, o PL e o PT eram parceiros de chapa na disputa pela Presidência da República. O vice de Lula, José de Alencar, era do Partido Liberal.
Desde 2016, no entanto, Mantovani ele é filiado ao PSD. Após o caso, o partido informou que vai acionar a comissão de ética contra Roberto. A defesa de Mantovani nega que, apesar da ligação com o PL, o empresário tenha proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que se filiou à sigla em 2021.
Depoimento à PF
O casal Roberto Mantovani Filho e Andreia Mantovani, negou em depoimento à Polícia Federal ter agredido o filho do ministro do Supremo Tribunal Federa (STF), Alexandre de Moraes.
Roberto prestou depoimento nesta terça-feira (18) o na sede da Polícia Federal de Piracicaba (SP) e Andreia ainda deve depor. Segundo a defesa, ele admite ter "afastado com o braço" o filho do ministro para defender a esposa. Ele relata que Andreia e Roberto foram vítimas de ofensas por parte do filho de Moraes.
Roberto alegou à PF que não sabia que a discussão era com o filho do ministro. "Somente quando desembarcaram e foram abordados pela Polícia Federal no aeroporto é que tomaram conhecimento que se tratava de um filho do ministro. Que não houve na área de embarque qualquer contato com o ministro e que realmente o contato que houve foi visual. E num segundo momento foi pessoal, mas quando o ministro sai dessa sala vip pra vir retirar o seu filho dessa área externa", afirmou o advogado.
Veja ponto a ponto o que a defesa diz que o casal alegou à PF:
A discussão começou após uma confusão por falta de vagas em uma sala VIP no aeroporto;
Em seguida eles viram o ministro Alexandre de Moraes na recepção da sala e outras pessoas o ofendendo;
Andreia teria dito que "para político tem lugar, mas para pessoas com duas crianças de colo não tem";
Segundo a defesa, ela achou de maneira equivocada que o ministro tivesse privilégios ao entrar na sala, mas depois soube que era necessário uma reserva prévia;
O advogado diz que o filho do ministro estava na recepção e nesse momento teria começado a discussão;
A defesa alega que o filho de Moraes ofendeu Andreia;
Roberto teria o afastado com o braço e que "pode ter esbarrado" no óculos do rapaz. O intuito, segundo ele, era defender a esposa;
O filho de Moraes teria perguntado se Roberto "queria briga", e ele teria respondido que apenas queria defender a esposa;
Roberto alegou que depois saiu do local com a família e, quando voltou, o filho do ministro teria tentado novamente iniciar a discussão;
Em seguida os envolvidos se retiraram do local.
A versão dada por Roberto e pelo advogado de defesa é diferente das informações da Polícia Federal. O órgão afirma que houve agressão ao filho do ministro.
Foi instaurado um inquérito policial para apurar acusações de agressão, ameaça, injúria e difamação. Segundo o Código Penal, os crimes praticados por brasileiros, embora cometidos no estrangeiro, ficam sujeitos à lei brasileira
Fonte: g1
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