A vereadora do Rio de Janeiro Mônica Benício (PSOL), viúva de Marielle Franco, afirmou à GloboNews nesta terça-feira (25) que a família e os assessores de Marielle não percebiam que havia um risco iminente à segurança da parlamentar.
Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram executados a tiros no Rio de Janeiro em 14 de março de 2018. Réu confesso pelo crime, o ex-policial Élcio de Queiroz afirmou em delação divulgada nesta segunda (24) que o crime havia sido tentado três meses antes (detalhes abaixo).
"Essa informação foi na verdade a que mais me chocou, me mobilizou emocionalmente na delação do Élcio. [...] Entender que ela já corria risco há muito tempo. Segundo o que o Élcio relata, ela estava sendo monitorada desde agosto de 2017", disse Mônica Benício à GloboNews.
"E eu fico pensando, a Marielle não tinha um trabalho, uma atuação efetiva que fosse algo de combate à milícia. Algo que a colocasse de fato em risco. Marielle não se entendia em risco, não tinha nenhum tipo de ameaça. Nem em redes sociais, nem pessoal", declarou.
Segundo Mônica, durante os 15 meses em que Marielle Franco exerceu mandato de vereadora (interrompido pela execução a tiros), o índice de rejeição percebido pela equipe era "muito baixo". Marielle, diz Mônica, era parada na rua para demonstrações de afeto e agradecimento.
"Então, saber que ela já estava sendo monitorada desde agosto de 2017 realçou a tristeza em algum aspecto. Foi lembrar, também, de cada momento que Marielle estava ali vivendo e não sabia que sua vida estava ameaçada, estava correndo risco", disse a viúva, hoje também vereadora pelo Rio.
"Se qualquer pessoa que trabalhasse com ela, ou da família, ou ela mesma, tivesse imaginado isso, teríamos tomado medidas de segurança. Mas infelizmente, estamos falando de um crime muito bem planejado", continuou.
Monitoramento e execução
Em delação premiada à Polícia Federal e ao Ministério Público do Rio de Janeiro, Élcio de Queiroz relatou que houve uma tentativa frustrada de matar a vereadora Marielle Franco ainda em 2017.
Segundo Queiroz, o crime foi tentado naquela ocasião por Ronnie Lessa – que está preso, é réu pelo assassinato e, de acordo com o delator, foi o autor dos disparos em fevereiro de 2018.
Élcio de Queiroz diz que Ronnie Lessa, alcoolizado, começou a desabafar na virada do ano e contou que, semanas antes, havia tentado "pegar a mulher que estavam monitorando há alguns meses".
Na ocasião, Ronnie disse a Élcio que estava acompanhado pelo ex-bombeiro Maxwell Corrêa – o "Suel", preso nesta segunda-feira (24) – e por Edmilson "Macalé", também ex-PM, morto a tiros em 2021.
Ainda de acordo com o relatado por Élcio na delação, Ronnie contou que a tentativa foi frustrada, porque na hora do cometimento do crime, Maxwell disse que o carro "deu problema" e "falhou".
"Contudo, Ronnie acreditava que Maxwell refugou, porque havia ficado com medo de continuar", diz a delação.
Fonte: g1
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