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quinta-feira, julho 20, 2023

Do Val repete relato à PF e diz que partiu de ex-deputado ideia para gravar Moraes


O senador Marcos do Val (Podemos-ES) voltou a afirmar em depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira (19) que foi o ex-deputado Daniel Silveira que idealizou a reunião em dezembro do ano passado com o ex-presidente Jair Bolsonaro, em que teria sido discutida um plano para levantar suspeitas sobre atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.


Do Val foi ouvido por quatro horas pela PF, em Brasília, e ratificou as informações do seu depoimento em fevereiro deste ano sobre a suposta trama para armar uma situação para gravar Moraes e induzir o ministro a dar declarações contra o sistema eleitoral.


No depoimento, a que o g1 teve acesso, o senador disse que foi procurado insistentemente por Daniel Silveira cerca de dois dias antes de ocorrer a reunião no Palácio do Alvorada.


O senador disse que quando encontrou Daniel Silveira, o ex-deputado já estava ao telefone com Bolsonaro e que Silveira passou o telefone para ele e o próprio ex-presidente o convidou para essa reunião.


O senador afirmou que acredita que o ex-presidente falaria sobre a mudança de partido para o Partido Liberal (PL).


Do Val afirmou que depois da ligação, entrou no plenário e logo em seguida entrou em contato, por mensagem de whatsapp, com o ministro Alexandre de Moraes perguntando se o ministro poderia recebê-lo para uma reunião e que no dia seguinte encontrou Moraes no Salão Branco do STF, em uma conversa rápida.


Do Val disse que solicitou o encontro com o ministro em razão do contexto do momento político radical e extremista, bem como a existência de uma investigação contra Silveira por fake news. O senador disse que, em razão disso, achou por bem procurar Moraes para ser aconselhado se deveria ir ou não a essa reunião. E que o ministro respondeu ao declarante "informação é sempre importante"


Do Val afirmou que no mesmo dia do encontro com o Ministro, foi para a reunião com Silveira e o ex-presidente Bolsonaro, Palácio da Alvorada.


O senador disse que em dado momento, Silveira interrompeu a conversa para tratar sobre a possível gravação de Moraes com a finalidade de invalidar as eleições.


Do Val disse que essa proposta de Silveira foi falada na presença de Bolsonaro e de mais ninguém e que o ex-presidente apenas ouviu a proposta e não se manifestou.



O senador disse que Silveira tinha a intenção de gravar e sabotar o ministro e que, na reunião, o ex-deputado falava que do Val seria o herói brasileiro. Do Val afirmou que que ficou claro que Silveira, na reunião, estava tentando convencer o senador e Bolsonaro a aderirem a essa "missão". E que que, pela expressão de surpresa do ex-Presidente, acredita que apenas Silveira sabia do que seria tratado na reunião.


Do Val disse que após sair da reunião, em troca de mensagens com Daniel Silveira, o ex-deputado mencionou já possuir equipamentos de escuta e transmissão e um carro para captar áudio, mas não detalhou de onde viriam esses equipamentos.


O senador disse que encerrada a reunião, ainda no carro, encaminhou mensagem a Moraes reportando o que havia sido proposto, na reunião, por Silveira, e que achou a "proposta esdrúxula, imoral e até criminal", colocando-se a disposição para encontrar o ministro para dar mais detalhes.


O senador contou que como Moraes não respondeu a mensagem imediatamente, procurou novamente no final de semana e ajustaram um encontro no Salão Branco na semana seguinte. Segundo do Val, nessa reunião, relatou ao ministro pessoalmente os detalhes da proposta de Silveira. E que Moraes afirmou que se tratava de proposta absurda.



Investigação

A PF apura se os envolvidos teriam arquitetado um plano para tentar anular a eleição presidencial de 2022, na qual Bolsonaro foi derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


Em depoimento na semana passada, Jair Bolsonaro confirmou que recebeu Silveira e Marcos do Val no Palácio da Alvorada, no dia 8 de dezembro do ano passado. O presidente, contudo, negou que os três tenham discutido uma trama para gravar Moraes.


De acordo com Bolsonaro, "nada foi falado" sobre o ministro do Supremo ou sobre prática de algum ato antidemocrático.


Várias versões

Desde fevereiro, quando o caso veio à tona, Do Val apresentou diversas versões a respeito do encontro.


Em um primeiro momento, ele indicou que Bolsonaro havia colocado o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) à disposição para a entrega de escutas, o que Bolsonaro nega. Pouco tempo depois, Do Val atribuiu a fala a Daniel Silveira


O senador também disse que Jair Bolsonaro indicou concordar com a ideia. Em outro momento, retirou a informação. “Bolsonaro [só] ouviu tudo e ficou calado”, afirmou, acrescentando, porém, que ele não rejeitou as ideias de Silveira.


Ao ser ouvido pela PF no inquérito, em fevereiro, Marcos do Val declarou, porém, que o ex-presidente não teria mostrado contrariedade ao plano golpista.


Fonte: g1

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