A advogada criminalista que atua em quatro casos de mulheres que relataram ter sido estupradas pelo ex-BBB Felipe Prior contou que até a filha, uma criança, já recebeu ameaças em fotos após repercussão de andamentos dos processos.
Maira Pinheiro contou ao g1 a que desde 2020 tem recebido ameaças violentas constantemente e, à GloboNews, relatou que a filha também já recebeu comentários agressivos em fotos.
"Em abril de 2020 foi quando veio essa primeira onde de ataques bem violentos nas minhas redes sociais, nas minhas fotos, inclusive às vezes em fotos da minha filha. Recebi mensagens no WhatsApp também", afirmou Pinheiro.
Maira explica que recebia ameaças praticamente todos os dias e precisou fechar as redes sociais. Quando alguma atualização do caso era repercutida, os ataques se intensificavam.
"É um caso de repercussão. A opção por conversar com os meios de comunicação sobre esse caso é deliberada porque nós entendemos que faz parte da luta das mulheres para romper o silêncio - presenciar outras mulheres fazendo o mesmo", disse.
Ela relata um caso específico que ocorreu em julho de 2021, quando começou a receber dezenas de ligações de madrugada de um número oculto que citava o nome de uma das vítima, mesmo sendo informação sigilosa, e também afirmava que sabia onde a advogada morava.
Atualmente há uma investigação para apurar essas ligações.
"Em julho de 2021, foi esse evento que deu ensejo ao inquérito policial que está atualmente em tramitação aqui em São Paulo para apurar ligações que eu recebi de madrugada. Depois a gente descobriu que era um número de Rondônia. Foram dezenas de ligações, um número oculto em que a pessoa fazia referencia ao nome da vitima que é uma testemunha protegida, então o nome dela é uma informação sigilosa, mas essa pessoa estava na posse dessa informação e dizia que sabia onde e morava, foi uma coisa bem assustadora", contou.
Esta foi apenas uma das vezes em que Maira foi atacada por representar Themis* no caso em que a mulher denunciou o ex-BBB Felipe Prior por estupro. Ele foi condenado a seis anos de prisão em regime semiaberto no início do mês.
Além de Themis, outras três mulheres denunciaram o arquiteto por estupro. Elas receberam pseudônimos de divindades femininas a fim de preservar suas identidades ao longo do processo: Freya, Ísis e Diana.
(*nome fictício adotado pela defesa a fim de preservar a identidade da vítima)
Vítima deu detalhes da noite do crime
Em entrevista exclusiva ao g1 e ao Fantástico, Themis deu detalhes sobre o que aconteceu na noite do crime e contou sobre a relação que tinha com o arquiteto.
Ela contou que o conhecia desde a idade escolar. Voltaram a conviver durante a faculdade, mas, segundo a vítima, eles nunca tiveram vínculo de amizade.
Em 8 de agosto 2014, os dois estavam em uma festa e, ao sair, se encontraram. Prior ofereceu carona para Themis e para uma amiga dela. Elas aceitaram.
A amiga foi deixada em casa primeiro e, antes de chegar à casa de Themis, Prior parou o carro e começou a beijá-la. Depois se tornou mais agressivo e a estuprou.
"Começou a tirar minha roupa e, à medida que as coisas iam acontecendo, ele se tornava cada vez mais agressivo comigo. Eu falei 'Felipe, eu não quero, não quero', e ele continuou insistindo, continuou tirando a minha roupa e começou a penetração. Cada vez que eu falava que eu não queria, ele se tornava mais agressivo... E aconteceu a laceração, que foi bem doloroso. Eu gritei. Começou a sair muito sangue. E eu comecei a gritar de dor, e aí ele parou imediatamente."
Três anos depois caiu a ficha: "Ele tinha me estuprado", disse Themis. Em 2017, ela teve contato com relatos e denúncias de outras mulheres que foram estupradas e percebeu o que foi feito com ela.
Em nota, os advogados de Prior disseram: "a defesa de Felipe Antoniazzi Prior reitera a inocência de Felipe e que a sentença prolatada pela 7ª Vara Criminal de São Paulo será objeto de recurso de apelação ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo " (confira a íntegra abaixo).
A denúncia
Em 2020, quando Felipe Prior foi eliminado do BBB, Themis o viu e voltou para a noite em que foi estuprada. Teve uma crise de ansiedade.
Themis decidiu denunciar Prior seis anos depois, quando começou a receber das amigas prints de outras mulheres relatando que já haviam passado por situações semelhantes.
O que diz a defesa de Prior
Procurados pelo g1 e pelo Fantástico, os advogados de Felipe Prior enviaram a seguinte nota:
"A defesa e o próprio Felipe seguem plenamente confiantes no Poder Judiciário brasileiro e, assim, na reforma de sua injusta condenação, visto que restou patentemente demonstrada a inocência de Felipe pelas provas apresentadas no bojo processual, que, lamentavelmente, vêm sendo ventiladas de forma deturpada e em desrespeito ao segredo de justiça decretado em relação à tramitação processual – fato este que, também, será objeto das providências legais pertinentes.
Reafirmando-se a plena inocência de Felipe Antoniazzi Prior, sua defesa informa que, no momento oportuno e através de alguns veículos, Felipe se manifestará esclarecendo os fatos distorcidos e inverídicos apresentados como resposta para os demais veículos de comunicação."
Fonte: g1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!