quarta-feira, junho 07, 2023

Preço da carne está caindo mais no campo do que ao consumidor; entenda

O valor do boi caiu bastante nos últimos meses, mas o consumidor ainda não foi totalmente beneficiado por este movimento.


Carne bovina. — Foto: Foto: Assessoria/Governo/Rondônia


➡️Isso porque os supermercados não estão repassando boa parte da queda de preços que está acontecendo no campo, avaliam especialistas.


Ao mesmo tempo, o poder de compra do brasileiro ainda não melhorou.


"Enquanto o boi gordo caiu cerca de 15% [entre abril e maio], o preço da carne no atacado recuou 7% aproximadamente e, no varejo, teve uma queda de apenas 2% a 3%", diz o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.


"O que explica esse movimento? O varejo está aproveitando esse momento para ampliar a sua margem operacional [ou seja, o seu lucro]", acrescenta.


O analista do Safras explica que, quando os preços pagos aos produtores diminuem no campo, o varejo, tradicionalmente, não repassa a queda para o consumidor na mesma velocidade.


O g1 procurou a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) para comentar a reportagem, e aguarda por um posicionamento.


🐂 O preço do boi caiu quanto? De janeiro a 6 de junho deste ano, a arroba do boi gordo recuou 14,6%, para R$ 244,90. A arroba é uma medida do peso da carcaça bovina. Cada uma equivale a 15 quilos.


A cotação atingiu a sua maior alta em 24 de março de 2022, quando bateu R$ 352. De lá para cá, o valor despencou cerca de 30%.


Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA Esalq/USP).


🥩 E a inflação das famílias? De janeiro até maio, as carnes recuaram 3,87% nas gôndolas dos mercados. Alguns cortes tiveram quedas maiores, como contrafilé (-5,5%), acém (-5%) e picanha (-4,4%), enquanto o patinho, por exemplo, caiu menos (-2,5%).


Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Vacas leiteiras costumam ser mansas e carinhosas. — Foto: Fábio Tito/g1


A arroba bovina está caindo porque a oferta de animal cresceu no mercado, pontua Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria.


Ele explica que o "mercado do boi atua em ciclos" e que muitos desses movimentos é explicado por "uma maior ou menor retenção de fêmeas".


"A gente costuma brincar que aonde a vaca vai, o boi vai atrás", diz Fabbri.


Neste momento, tem mais fêmeas sendo abatidas.


Fabbri detalha que, de 2019 para 2020, os preços dos bezerros começaram a subir porque a oferta desses bovinos mais jovens caiu.


"Para a gente ter o bezerro, é preciso que a vaca seja retida [mantida no campo] pelo produtor, para que, lá na frente, a oferta cresça".


Em 2020, portanto, o produtor começou a segurar as vacas no campo. E, em 2021, manteve esse movimento.


Com a oferta crescente de bezerros, os preços começaram a cair. Neste cenário, como o produtor fica sem estímulo para criar bezerros e, portanto, as fêmeas começam a ser abatidas.


Fonte: g1

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