Policiais legislativos do Senado afirmaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) que participantes dos atos golpistas de 8 de janeiro admitiram que a ação tinha como objetivo a tomada de Poder.
Os agentes também disseram acreditar que parte do grupo agiu de forma planejada e organizada.
Os policiais foram ouvidos como testemunhas de acusação, indicadas pela Procuradoria-Geral da República. Eles prestaram depoimento nas ações contra os réus suspeitos de executarem, arquitetarem ou incitarem as ações antidemocráticas.
O policial legislativo Caio César Grillo afirmou que um dos invasores que sentou na cadeira da Presidência no plenário do Senado avisou que "tinha acabado" para os parlamentares.
"Me chamou atenção o grau de descompasso. Um manifestante sentou na cadeira de presidente, e virou pra mim e falou: 'Agora acabou, né... Os deputados senadores caiu todo mundo'", contou o policial.
"Depois entendi. Ele explicou que, ao sentar na cadeira do presidente, acabou o Poder Legislativo, passaria ao domínio do povo. Ele achava que ao invadir o prédio haveria vitória do lado deles. Eles acreditavam que, bastava sentar na cadeira do presidente, e estariam adquirindo os Poderes da República nas mãos", completou.
Grillo afirmou que, no plenário, os invasores pediam a retirada dos ministros do STF a força e gritavam palavras de ordem inconstitucionais
Ele avaliou que o grupo atuou de forma homogênea, alinhado, no sentido de remover o presidente Luiz Inácio Lula da Silva do poder.
Organização 'chamou atenção'
O policial Everaldo Moreira também reforçou que os invasores deixavam claro que a manifestação era contra o presidente Lula e que estavam para a tomada de Poder.
"Em regra, a queixa era essa. Motivo da manifestação era o fato da eleição do presidente, para mostrar que queriam tomar as sedes do Poder", disse.
"Entrei no plenário do Senado e, na medida que entravam, dava para perceber que alguns comemoravam: 'O Congresso é nosso. O povo venceu'. Gravavam vídeos", completou Moreira.
Segundo o policial, houve uma organização prévia, alguns presos mostraram o celular, houve uma distribuição de tarefas e até recomendação de como deveriam se portar, vestir capas de chuva – o que poderia representar uma proteção para minimizar efeito químico na pele – além de máscaras profissionais.
"Chamou atenção o grau de aparelhamento dos manifestantes", afirmou o policial legislativo.
Fonte: g1
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