A CPI dos Atos Golpistas, que investiga a depredação dos Três Poderes no dia 8 de janeiro, ouviu nesta quinta-feira (22) George Washington, um dos golpistas que atuaram em Brasília no ano passado. Washington está preso e foi condenado por planejar um ataque a bomba próximo ao aeroporto da capital.
Dois embates aconteceram durante o depoimento: um bate-boca entre o deputado governista Rogério Correia (PT-MG) e o senador da oposição Jorge Seif (PL-SC). O senador foi secretário de Pesca do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Correia leu trechos de uma carta que George Washington teria escrito para o ex-presidente. E completou: "Agora o senhor está aí covarde, mentindo. O senhor era tão valente. Agora, preso, mente para proteger Bolsonaro. O senhor é um terrorista solitário. Todos aqui te abandonaram. Todos os bolsonaristas disseram que o senhor é um solitário, um tresloucado, um aloprado".
Neste momento, Seif pediu a palavra e houve bate-boca. O senador afirmou: "Ele está falando todo mundo, mas ele não ouviu isso de mim. Eu não sou todo mundo".
Então, o deputado disse que não queria que ninguém o interrompesse. E mandou Seif "calar a boca". Depois, o senador xingou o petista. 'Calar a boca é o..."
O presidente do colegiado, Arthur Maia (União-BA), interveio e mandou cessar a confusão
Embate entre relatora e o presidente
Antes da discussão, a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), exigiu respeito do próprio Maia por ele ter ignorado um esclarecimento que ela fez.
Como, de início, George Washington se negou a responder a perguntas dos parlamentares, a relatora expôs que o investigado teria que reagir pelo menos a questões básicas. Eliziane citou entendimento, da época da CPI da Covid, em 2021, de que as testemunhas poderiam se negar a responder questões que as incriminassem, mas que esse direito não blindava totalmente os depoentes.
Minutos depois de a senadora explicar o precedente, Arthur Maia a interrompeu em uma fala para ler a decisão da época. Eliziane considerou que isso era desnecessário, porque ela já havia mencionado a regra.
"Eu exijo respeito a mim nesta Casa. Não admito expor as informações nesse colegiado, ser questionada e, de repente, [as informações] serem aceitas porque um homem vem e fala ao seu lado. A colocação que vossa excelência acabou de ler foi a que eu acabei de ler anteriormente. Eu não vou admitir que as posições que são postas por esta relatoria sejam questionadas e, de repente, avalizadas porque veio uma outra pessoa", declarou a relatora.
O presidente da CPI se justificou: "Se a senhora tivesse me trazido o texto do HC, eu teria tomado essa posição. Agora foi trazido pela advocacia, o texto do HC".
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu em julho de 2021 que caberia à CPI da Covid avaliar se um depoente abusa do direito de permanecer em silêncio ao se recusar a responder perguntas para não produzir provas contra si mesmo.
Segundo o ministro, seria da CPI a competência de decidir quais providências tomar diante dessa conduta, caso a julgue irregular.
Em um momento anterior ao desentendimento entre Eliziane e Maia, o deputado Abilio Brunini (PL-MT) ironizou as falas da relatora. "Presidente, o senhor poderia colocar à disposição da relatora alguém para dar suporte jurídico para que ela não cometesse equívocos", disse Brunini.
"Deputado, vai estudar melhor a jurisprudência brasileira para largar de falar besteira que é o que o senhor tem feito muito nesta comissão", rebateu a senadora.
Fonte: g1
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