O presidente da CPI dos Atos Golpistas, Arthur Maia (União-BA), afirmou nesta terça-feira (27) que o coronel Jean Lawand Júnior faltou com a verdade durante depoimento à comissão.
O militar foi chamado a depor após a descoberta de mensagens entre ele e o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. Essas mensagens constavam do celular de Cid, alvo de uma operação da Polícia Federal por suposta fraude no cartão de vacinas de Bolsonaro.
Nas conversas, Lawand citava uma mobilização para impedir a posse do presidente Lula (veja detalhes abaixo). Na CPI, ele alegou que "em nenhum momento" falou em golpe de Estado e disse que as mensagens pediam uma manifestação de Bolsonaro para "apaziguar" o país.
“Eu quero dizer que essa para mim foi a reunião mais difícil como presidente desta CPMI. Mais difícil, porque intimamente eu acho que o senhor faltou com a verdade. Intimamente, foi um sentimento que eu tive”, afirmou Maia.
Ele se juntou à maioria dos parlamentares que participaram da audiência desta terça-feira. Lawand ouviu de governistas e de parlamentares da oposição que estava mentindo em seu depoimento.
O senador Marco Rogério (PL-RO), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse que o coronel “não convence ninguém” e que a narrativa “não para de pé”. O senador do PT, Rogério Correia (MG), afirmou que a “mentira tem perna curta”.
“Eu confesso que achei a história inverossímil, mas não posso dizer que ele mentiu. Eu sou legalista”, reforçou o presidente da CPI após o fim da reunião.
Versões do coronel
No depoimento, o coronel do Exército Jean Lawand Júnior afirmou que foi "infeliz" em algumas das mensagens enviadas.
Em um trecho dos diálogos, em 10 de dezembro, o militar escreveu: "Cid pelo amor de Deus, o homem tem que dar a ordem. Se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, de Divisão pra baixo está".
À CPI, Lawand tentou explicar a mensagem, alegou que foi uma conversa com um amigo e que "não tinha motivação para qualquer tipo de golpe".
"Esta colocação minha, eu fui muito infeliz. Sou um simples coronel conversando num grupo de WhatsApp com um amigo. Não tinha comandamento, não tinha condições, não tinha motivação para qualquer tipo de golpe. Essa observação minha foi muito infeliz porque eu não tenho contato com ninguém do alto comando. Então, fui infeliz, me arrependo", afirmou Lawand à CPI.
Aos parlamentares, Lawand disse que, ao enviar as mensagens a Cid propondo a ação de Bolsonaro, buscava evitar "convulsão social".
"A sociedade brasileira, dividida em opiniões, acerca de 'o que vai acontecer?', 'o que vai ser agora?', 'como foi o pleito?'. A gente vendo aquelas pessoas, a insegurança trazida por aquilo, que podia levar a alguma convulsão social, a alguma revolta, a um problema na segurança, foi o que eu falei", afirmou.
"As pessoas estavam tentando entender como aquilo terminaria. A ideia minha desde o começo, desde a primeira mensagem com o tenente-coronel Cid, foi que viesse alguma manifestação para poder apaziguar aquilo, e as pessoas voltarem às suas casas", acrescentou.
Fonte: g1
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