Em depoimento à CPI dos Atos Golpistas, o coronel da Polícia Militar do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime Barreto disse que "a ação da Polícia Militar no acampamento sempre foi limitada pelas Forças Armadas".
Naime se referia ao acampamento no Quartel General (QG) do Exército, em Brasília, de onde os golpistas se organizaram para realizar o ato que depredou os prédios na Esplanada dos Ministérios no dia 8 de janeiro.
Preso desde fevereiro, o coronel era chefe do Departamento de Operações (DOP) da Polícia Militar do Distrito Federal no momento em que ocorreu a tentativa golpista de ataque à Esplanada, em janeiro.
Naime é investigado no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura possíveis omissões de autoridades pelos atos do dia 8 de janeiro, em Brasília.
"A gente não tinha esse acesso para entrar com policiamento, para efetuar prisão, para retirar ambulante, para poder fazer prisões", disse Naime à relatora do colegiado, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
Naime respondeu a uma pergunta da senadora sobre a presença de policiais militares do Distrito Federal descaracterizados dentro dos acampamentos. Eliziane quis saber quais informações relevantes foram obtidas a partir dessas participações e como estava o monitoramento em relação ao que acontecia dentro do QG.
Segundo o coronel, a Polícia Militar mantinha agentes em todas as reuniões do grupo golpista, não apenas dentro do acampamento - e citou uma ocasião em que seus agentes o alertaram a respeito de uma movimentação do grupo no Palácio do Alvorada, ainda quando Jair Bolsonaro era presidente da República.
De acordo com o coronel, havia risco para os agentes da polícia militar dentro do acampamento caso eles fossem descobertos.
"Para a senhora entender como era a questão da PM dentro do acampamento. Até o risco que os meus agentes corriam se eles fossem plotados, encontrados, identificados", afirmou.
Naime disse, ainda, que até quando a Polícia Federal tentou cumprir mandados de prisão dentro do acampamento "foi rechaçada pelos manifestantes" e que "saíram cenas da imprensa que pareciam que o próprio Exército estava expulsando a Polícia Federal de dentro do acampamento".
O coronel admitiu que esteve no acampamento "várias vezes", mas segundo ele sempre "a serviço".
"Eu estive, sim, estive no acampamento várias vezes, sempre de serviço, nunca estive no acampamento na minha hora de folga, nunca estive no acampamento me manifestando, eu sempre estive no acampamento de serviço", afirmou Naime. "Sempre no sentido de ter mais informações para a inteligência, dar mais informações para o comandante-geral, ter mais informações para fazer o planejamento, estava muito preocupado com o dia 1º de janeiro, que era a posse presidencial."
Ataque à sede PF
O coronel afirmou à CPI que a tentativa de invasão da sede da Polícia Federal (PF) em 12 de dezembro e os atos golpistas de 8 de janeiro não tem ligação.
Segundo ele, os manifestantes que participaram do vandalismo contra a PF estavam instalados no setor hoteleiro de Brasília, na região central da cidade, próximo à sede da corporação,e não no acampamento em frente ao quartel general do Exército.
“E outro ponto que muito claro ficou para a gente: quem participou desses ataques diretamente do dia 12 [de dezembro] estavam hospedados nos hotéis do Setor Hoteleiro. Eles não estavam no acampamento”.
Naime relatou que no dia seguinte ao vandalismo, o comandante-geral e o Secretário de segurança do DF foram chamados para uma reunião no Setor Hoteleiro com os donos dos hotéis, que estavam preocupados com os atos.
“Vários deles [donos de hotéis] chamaram o Comandante-Geral num canto …Inclusive, depois, pelo que chegou ao meu conhecimento, foi colocada inteligência nesses hotéis, porque eles [vândalos] se reuniam no café da manhã nesses hotéis; eles se reuniam, planejavam as ações do dia, a saída do dia nesses hotéis. Não iam nem ao acampamento”.
Fonte: g1
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