O Brasil atingiu um marco inédito em 2022 na área ambiental: o país reciclou a mesma quantidade de latinhas de alumínio que produziu.
Uma cooperativa em Belo Horizonte recebe de tudo: garrafas pet, plástico, papelão, vidro e latinhas de alumínio. O catador de materiais recicláveis Lucas Santos Vieira começou a trabalhar lá na semana passada. Está ganhando mais do que no ferro velho, seu antigo emprego.
“Deve ser uns R$ 200, R$ 300 a mais do que eu tirava lá. Se for parar para olhar, é um serviço até bom demais também, que não é pesado”, diz.
Tem muita gente que não sabe o valor desse material e faz o descarte sem consciência. Mas as latinhas são valiosas. Na cooperativa, elas trazem mais renda para dez famílias. Em média, 1,8 mil kg de latinhas são reciclados por mês.
“Hoje, essa latinha que está aqui, eles estão vendendo ela a R$ 6,80 o quilo. É possível ter uma boa renda, é possível ter uma qualidade de vida melhor”, afirma Maria Madalena Rodrigues Duarte Lima, coordenadora-presidente rede Cataunidos.
O comércio de latinhas de alumínio vem aumentando nos últimos anos. Em 1990, o Brasil reciclava menos da metade do que era produzido pela indústria. No início dos anos 2000, esse percentual começou a aumentar progressivamente. E, em 2022, o país inverteu o índice e agora reaproveita a mesma quantidade de material que é fabricado: foram 390 mil toneladas recicladas e a indústria produziu 389 mil toneladas de lata em 2022.
“A reciclagem das latinhas no Brasil injeta, anualmente, mais de R$ 6 bilhões por ano na economia. Para você ter uma ideia, no último ano, ao reciclarmos todas essas embalagens, nós economizamos uma quantidade de energia equivalente a todo consumo doméstico de energia do estado de Goiás durante um ano”, afirma Renato Paquet, secretário-executivo da Recicla Latas.
Segundo a Associação Nacional dos Catadores, são mais de 1 milhão de homens e mulheres trabalhando na função. Mas o desafio do setor ainda é grande. Nem tudo que é descartado é reaproveitado.
A Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais diz que o país só aproveita 4% dos materiais que poderiam ser reciclados.
“A gente tem este desafio: estruturar melhor a gestão de resíduos sólidos urbanos com as empresas que são responsáveis pela geração dos resíduos, que criam os produtos e o pós-consumo - as latinhas, as garrafas e tudo mais -, atuando mais em apoio da reciclagem, com a parceria com o poder público e com a presença dos catadores e catadoras”, afirma Armindo Teodosio, pós-doutor em Ciências Ambientais.
Fonte: Jornal Nacional
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!