Quando se faz uma busca no Google, os resultados que aparecem primeiro podem estar lá porque as empresas pagaram por isso. São os links patrocinados.
Uma investigação das polícias do Maranhão e do Ceará descobriu que estelionatários usaram esse artifício para aplicar golpes. Eles falsificaram sites de órgãos públicos - e depois pagaram ao Google para aparecerem no topo dos resultados de buscas.
A polícia prendeu em um condomínio na Praia do Futuro, em Fortaleza, Anderson Frasão e Felipe Maracai. Nos computadores deles, os investigadores encontraram 27 sites fraudulentos. Dezoito deles de órgãos públicos, como Detrans e Secretarias da Fazenda de sete estados: São Paulo, Maranhão, Amazonas, Acre, Goiás, Alagoas e Pará.
Segundo a polícia, os golpistas pagavam ao Google para que esses sites falsificados aparecessem em primeiro lugar quando uma pessoa fizesse uma pesquisa para pagar uma taxa ou um tributo estadual.
"Ter o anúncio na primeira página é um fator primordial para que as vítimas caiam nesse golpe, porque o site é visualizado em primeiro lugar e é feito esse acesso, através desse impulsionamento pago desse conteúdo. Como o site simulava perfeitamente o site da Secretaria de Fazenda, geravam dados de tributos e efetuavam o pagamento via PIX; e, nesse caso, não ia para os entes governamentais, mas, sim, para conta dos criminosos", explica o delegado de Repressão aos Crimes Cibernéticos, Alan Felipe Araújo.
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As polícias do Maranhão e do Ceará, que investigaram o caso, afirmam que Anderson e Felipe tinham uma base itinerante para aplicar os golpes e estavam há um mês no Ceará. Por lá, chegaram a comprar um dos dois carros apreendidos na operação. Outros três carros foram apreendidos na casa de Anderson, em Imperatriz, no Maranhão.
O trabalho da polícia continua para identificar se há mais pessoas envolvidas no golpe. Os órgãos públicos dos sete estados são vítimas no inquérito, porque tiveram os nomes usados indevidamente. Já a quantidade de pessoas que pagaram tributos pelos sites falsos ainda está sendo levantada por meio de boletins de ocorrência registrados nos estados e da análise das contas bancárias dos presos.
Apesar de declararem que recebiam menos de um salário mínimo cada um, Anderson e Felipe tinham R$ 2,8 milhões no banco. A Justiça bloqueou mais de R$ 2,5 milhões.
Nas redes sociais, eles ostentavam uma vida de luxo. Hoje tiveram a prisão preventiva decretada por fraude eletrônica, mas, também podem responder por lavagem de dinheiro e organização criminosa, conforme o andamento das investigações.
O delegado que participa das investigações disse que é preciso ficar atento ao endereço do site para evitar cair neste tipo de golpe.
".gov.br se for governamental, ou se for algum site brasileiro, priorizar .com.br, porque passam por um registro no Brasil. Os criminosos preferem fazer hospedagem de sites no exterior, então eles usam, geralmente, os domínios .com ou .info ou .net ou .fam, alguma situação diferente do ponto com .br", explica o delegado Alan Felipe Araújo.
📌 O que dizem os citados
O Google afirmou que segue comprometido com o combate a atividades fraudulentas. Que proíbe anúncios que tentem confundir usuários, que induzam a comportamento desonesto ou que promovam serviços oferecidos diretamente pelo governo. E que suspende imediatamente esses anúncios quando identifica uma violação de suas políticas.
A defesa de Anderson Frasão e de Felipe Maracai afirmou que ainda está analisando o caso.
Fonte: Jornal Nacional
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