Autoridades da Colômbia consideram que as quatro crianças indígenas perdidas há quase um mês na Amazônia "estão vivas" e insistem em buscá-las — afirmou, nesta segunda-feira (29), o militar responsável pela operação.
Os menores de 13, 9 e 4 anos, além de um bebê de 11 meses, viajavam juntos de sua mãe e de outros dois adultos em um avião que caiu em 1º de maio na densa floresta do sudeste do país.
Diferentemente dos maiores de idade, seus corpos não estavam na aeronave. Socorristas encontraram seus pertences, um abrigo improvisado e uma fruta mordida nos arredores.
"Concluímos que as crianças estão vivas pelas evidências. Se estivessem mortos, certamente seria fácil de encontrá-los, porque estariam quietos, porque os animais nos orientariam para lá", disse à W Radio o general Pedro Sánchez, após uma reunião com os encarregados da Aeronáutica Civil e o Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar, encarregado de cuidar dos direitos de menores de idade.
As autoridades rastreiam os menores em uma área de aproximadamente 323 quilômetros quadrados, o equivalente a toda província de Buenos Aires.
"Ainda é muito estranho, porque eles não param, embora tenhamos espalhado mais de 10.000 panfletos" e 100 kits de sobrevivência, acrescentou o general que comanda quase 200 homens, entre indígenas e militares, que percorrem essa zona fronteiriça entre os departamentos de Caquetá e Guaviare (sul).
A 100 metros
Na quarta-feira, 24 de maio, o grupo de buscas encontrou duas fraldas e um par de tênis na área: "Encontramos indícios e corroboramos com o GPS, quando encontramos as duas fraldas, uma delas usada, que passamos a cerca de 100 metros deles", disse Sánchez.
"Em um determinado momento, tivemos 92 indígenas trabalhando sob nosso comando, e 73 permanecem, devido às condições do terreno, mas essa combinação nos permitiu dobrar as atenções na região, e também trocar conhecimento sobre o complexo e o misterioso, como alguns chamam, da nossa selva", acrescentou o militar.
No domingo, o Exército trouxe poderosos holofotes com alcance de até três quilômetros para iluminar a região.
Os militares também reproduzem uma mensagem gravada pela avó das crianças em sua língua materna e em espanhol: "Filha, obrigado por ficar quieta, pare, ouça o microfone. Filha, fique aí, para que eles (os soldados) encontrem vocês".
Segundo os parentes das crianças, a irmã mais velha, do povo huitoto, tem grande experiência em andar pela selva.
"Conversar com a selva"
Enquanto isso, as comunidades originárias "adiantam processos espirituais que consistem em conversar com a selva e pedir que ela fale" para localizar os menores, segundo o governo.
Fiel às crenças dos povos amazônicos, Fidencio Valencia, avô das crianças, disse à AFP que alguma força sobrenatural e "misteriosa" impediu o resgate.
Na região, há onças, pumas, serpentes e outros predadores. Também há guerrilheiros que se distanciaram do acordo de paz assinado pelas Farc em 2016.
Em 17 de maio, o presidente Gustavo Petro chegou a declarar que as crianças haviam sido encontradas com vida, mas, no dia seguinte, retratou-se e lamentou ter compartilhado uma informação falsa.
Fonte: AFP
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